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Neymar Jr, o moleque Ney, aprontou mais uma. Não sei de detalhes, porque não acompanho as minúcias da submundo onde vivem essas celebridades. Mas assim, por alto, dá para falar que Neymar não só traiu a mulher, que está grávida, como também que ele publicou um pedido de desculpas. Como se fosse uma espécie de “nota de repúdio” contra si mesmo.
É o que nos basta saber neste texto. Isso desde que você disponha de um razoável conhecimento prévio sobre Neymar Jr. Multimilionário. O terror das marias-chuteiras. Influenciador até na política. Dono de mansões e carros de luxo e iates. Deve ter até avião. Colecionador de escândalos, como da vez em que foi acusado de estupro. O corpo coberto por tatuagens. Tão solitário que paga amigos para que lhe façam companhia – os chamados “parças”.
Criada essa imagem glamourosa do Peter Pan do futebol, alguém que jamais se preocupará com dinheiro na vida e cuja fama deve alcançar até aqueles vilarejos incrustrados na Cordilheira do Himalaia, convém agora contrastá-la com a sua existência pequena e discreta. É, a sua, leitor! Sua vida humilde e normal. Aquela da qual você reclama e talvez (espero que não!) chame até de inferno. Tudo isso para perguntar: você trocaria sua normalidade por uma excentricidade dessas?
Digamos que você trabalhe um bocado numa função que não atraia estádios lotados. O que é bem provável. Digamos que você tenha uma esposa e filhos ou marido e filhas. Digamos que você pague as contas com dificuldade e que muito raramente sobre para um investimentozinho. Digamos que você não tenha influência nem no boteco. Digamos que o único luxo na sua vida seja a Heineken no lugar da Skol – e nem sempre. E aí, você trocaria?
Inveja do quê?
Celebridades nos fascinam porque parecem próximas dos deuses. Dotadas de talentos muito valorizados, elas têm o que pensamos ser a vida dos sonhos. A felicidade completa. Nenhuma preocupação com aquela prestação atrasada. Aplausos e elogios. Um lugar reservado na história – nem que seja nos anais do nicho em que ela é célebre. Exércitos de serviçais à disposição, prontinhos para atender qualquer um de seus desejos assim, ó, num estalar de dedos. (Quero um parágrafo novinho em folha. Tlect!).
Diante de nossas dificuldades cotidianas, sejam elas financeiras, profissionais, amorosas ou [INSIRA AQUI A CATEGORIA QUE NÃO OCORREU AO AUTOR], tendemos a ver essas celebridades como pessoas espertas e que venceram na vida. Ainda que eu prefira venceram no mundo. Daí a idolatrá-las é um pulo. E por idolatria não me refiro necessariamente a um quarto cheio de pôsteres e recortes de jornal. Pode ser uma idolatria discreta e silenciosa e a mais nociva: a idolatria do tipo “eu queria ter a vida desse cara”.
Mas será que queria mesmo? Aliás, será que Neymar Jr. quer ter a vida que ele tem e pela qual é tão admirado/invejado? Pense no vácuo que não se pode preencher. Ou melhor, no vácuo insaciável, que consome todos os segundinhos da vida com a busca eterna pelo prazer. E outro e outro e outro. Pense no insuportável tédio do sucesso. Pense na sensação mórbida de não ter o que conquistar na vida. Imagine ter todos os aspectos da sua vida publicamente analisados. Eu posso não ser galinha, mas tenho pena.
Claro que, porque vivemos tempos em que o materialismo já está entranhado em nossa mentalidade, é comum pensarmos que a fortuna, o luxo, as facilidades e os prazeres superam o preço da fama e de todos os males que a acompanha. Mas será? E se o preço por tudo isso for, na verdade, a alma? Se bem que em tempos materialistas a alma não vale nada e a Eternidade é uma miragem de “fanáticos”. Quando não de “invejosos”.