A pedido da Jennifer Koppe, amiga aqui da Gazeta, escrevi esse texto que foi publicado na edição de ontem do Viver Bem (16/10). Ela queria um texto engraçado pra publicar junto com a reportagem dela sobre caras que vão pra cozinha, que conquistam as mulheres pela boca. Como sou ruim nas duas coisas – na cozinha e na conquista -, apelei à velha linguaguem futebolística pra falar do que não entendo. Sim, senhores, cara de pau é uma arte! Divirtam-se!
Conquista pela boca
Bons tempos em que bastava uma pizza e um chopinho pro sujeito se arriscar a fazer aquela tabelinha um-dois na conquista de uma pequena. Hoje as regras são outras. O esquema tático exige troca de passes refinados entre os temperos, visão de campo da cozinha internacional e ouvidos atentos às orientações técnicas dos grandes chefs à beira do gramado.
Convidar uma menina pra “comer alguma coisinha” já não é mais aquele bate-bola descontraído de antigamente. Virou clássico de final de campeonato. Com direito à pressão do time adversário.
Se a escalação do time antes era modesta, hoje, tal e qual o mercado da bola, o foco está no exterior. Saem os esforçados sabores de pizza e petiscos de bares criados nas categorias de base da cozinha nacional, entram em campo os pratos requintados do futebol europeu e asiático.
O local do embate também não é mais o mesmo. Assim como o estádio do seu time, o barzinho ainda é divertido. Mas esse tipo de estádio serve apenas para as partidas amistosas. Pra impressionar realmente, o sujeito tem de partir para as grandes arenas. E nesse quesito, nada melhor do que um bistrô, de preferência francês. É ali que hoje se dão os grandes clássicos.
Convidar para um jogo-treino em casa também é arriscado. A menos que você seja um Felipão do fogão, não se arrisque. Do contrário, seu time vai levar uma surra, jogando em casa, diante de sua própria torcida.
Também de nada adianta montar o esquema tático apropriado à mesa se a orientação do treinador não for adequada. Muitas equipes formadas só de craques – do prato principal à sobremesa, passando pelo vinho – deram-se mal pela marrentice de seu comandante.
Portanto, meu amigo, invista mesmo é na preleção com o time. Porque comida até ajuda no esquema tático. Mas quem marca gol mesmo é a boa e velha conversa. Ninguém supera o bate-papo na artilharia do jogo da sedução. É assim que realmente se conquista uma mulher pela boca.