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Dois caras chegam à lanchonete de madrugada. Depois de tanto beberem noite adentro, precisam de algo sólido no estômago. Passa o primeiro pela porta de vidro, depois o segundo. Olham as mesas no salão e escolhem uma nos fundos. Sentam-se e começam a passar o olho pelo cardápio.

– Vai comer o quê?

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– O de sempre. Tô com uma fome…

– Olha aí, cara, agora tem petit gateau aqui.

– Que é isso?

– Ah, é um tipo de bolinho de chocolate quente, com um recheio bom pacas. Aí eles servem junto com uma bola de sorvete. É muito bom!

– Nunca comi…

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– Se você quer impressionar uma mina, pede esse troço. Elas piram nesse tal de petit gateau. Esses dias saí com uma e quando eu pedi esse negócio você tinha que ver a cara dela. Ficou toda espantada. Fiz moral. Vai por mim, meu, pede esse troço quando sair com uma menina.

– Mas esse nome é meio afrescalhado.

– O nome é em francês. E tudo que é em francês é meio afrescalhado, né.

– Só…

– Vou pedir um pra mim. Vai encarar?

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– Tá maluco! Vai pedir nada!

– Por que não?

– Pega mal dois marmanjos barbados pedindo um… um… como é mesmo o nome desse negócio?

– Petit gateau.

– Isso, petit gateau. Vai, pede o sanduba de sempre e vamos embora.

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– Pior que agora me deu vontade de comer esse negócio. É muito bom!

– É mulher grávida agora pra ter desejo?

– Vai à merda… Só tô dizendo que quero comer o bolinho.

– Vai me fazer passar vergonha…

– Calma, vou dar um jeito nisso.

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– Como?

– Deixa comigo. Fica frio.

– Olha lá o que você vai fazer…

– Confia em mim. Fica tranquilo. Ô chefe, chefe, por favor! – chamou o garçom.

– Pois não.

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– Eu queria um…. um…

– Sim?

– Um… – olhou para o amigo, que já estava com aquela cara de “falei pra não pedir…”

– Sim?

Ele se ajeitou na cadeira, meio envergonhado, e falou com a voz grossa:

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– Eu quero um petit gateau … … porra!