Essa crônica foi publicada originalmente no caderno Viver Bem deste domingo (12). A cada três semanas vou publicar novas crônicas lá. Acompanhem!
E dia desses que eu inventei de dizer a uma amiga que ela estava muito mais bonita agora do que quando a conheci, ali pelos nossos 20 e poucos (bem poucos!) anos de idade?
Foi numa dessas conversinhas em que elas reclamam sem parar da ação do tempo. É a tez que já não é mais de pêssego, as gordurinhas que surgiram onde nunca deveriam existir… Todas essas quimeras do universo feminino que nós, homens sensíveis e solidários, ouvimos sempre com a maior das atenções. No caso, é claro, atenção às contratações de reforços do nosso time para a próxima temporada, porque esse período sem futebol não é moleza!
Pois nesse dia algo de estranho aconteceu. Me enchi de coragem, dobrei e guardei minha abstração futebolística lá na última gaveta do meu cérebro (aquela que de tão pouco usada já está até emperrando), e, num ato meio involuntário, disse que, ao contrário do que ela pensava, o tempo havia era lhe feito muito bem.
Não vou negar que a coisa me saiu assim de sopetão. Mas que era verdade, era.
Primeiro, disse o básico e mais importante: que ela realmente continua bonita. É fato! Depois, desenrolei as razões pelas quais o passar dos anos não deveria ser visto por ela como prejudicial.
Disse que, além de bonita, com 30 e poucos anos ela era uma mulher muito mais elegante, que se vestia muito melhor do que quando tinha 20 e poucos. Que, apesar da insegurança inerente às mulheres, ela deveria se sentir muito mais confiante em si mesma do que quando era mais nova. Disse também que o charme de uma mulher propriamente dita e interessante como ela colocava no bolso os gracejos de qualquer ninfetinha.
Discorri todo meu parco, porém sincero conhecimento sobre o universo feminino. E a moça se encaixou perfeitamente ao contexto da nossa conversa. Me perguntou com uma cara de quem estava completamente alheia a tudo o que eu havia dito se eu realmente não achava que ela estava um pouquinho, só um tiquinho, coisinha de nada, mais gorda…