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Máscara de carnaval

Texto originalmente publicado na edição deste sábado (5) do caderno Verão da Gazeta do Povo.

Felipe de Lima

Algo de estranho há neste carnaval. O pau cantando em ré menor nos países árabes, mais as falcatruas de praxe na política brasileira, e ainda não se viu nenhuma das tradicionais reportagens sobre a produção de máscaras com rostos de ditadores e políticos.

Nada de máscaras dos presidentes do Norte da África, que pensavam ser capazes de se perpetuarem no poder e agora caem que nem jacas da jaqueira. E muitos menos de nossos ilustríssimos mandatários, que sempre dão muito pano para manga.

Nem uma carinha de plástico de um Mubarak, de um Kadafi (que parece ele mesmo usar máscara, de tanto botox na lata) ou de qualquer deputado ou senador pra alegrar a moçada nos blocos de rua. Muito, muito chato isso. Afinal, sejamos honestos, rapaziada da boa fé, gente da boa esperança, carnaval sem máscara de um político sacana pra moçada tripudiar, como aquelas do Saddam Hussein e do George W. Bush de uns tempos atrás, não é lá tão engraçado.

Pra não dizer que a indústria mascareira não está nem aí, dizem que a grande sensação do carnaval deste ano será a máscara do Tiririca. Até que ela é engraçada, com a feição que todos conhecemos do palhaço que se transformou no deputado mais votado da história: chapéu de catar ovo, peruca oxigenada, bigodinho fino e a dentadura com alguns desfalques na escalação. O Tiririca nato, muito diferente do Francisco Everardo engravatado dos corredores de Brasília que ainda não estamos acostumados a identificar.

Mas aí vai um recado aos nobres executivos da indústria de máscaras: zoar da cara de um comediante, de quem já ganha a vida profissionalmente fazendo palhaçada não é a mesma coisa que zoar de quem se vale do mesmo expediente de forma desonesta. Até porque, essa máscara eles já usam faz tempo.

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