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Meu presente à minha mãe, Marcelina, neste Dia das Mães.

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Não está fácil criar mãe hoje em dia. Você dá amor, dá carinho, dá atenção. E de repente, sem você estar preparado (e os filhos nunca estão praparados pra isso), elas saem de baixo de nossas asas e ganham vida própria.

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Vão encarar o mundo sozinhas. Já não precisam mais da nossa ajuda pra tomar decisões, da nossa mão pra atravessar a rua, de uma história pra contar na hora de dormir. E como elas crescem rápido! A gente nem vê direito…

A minha mesmo. Dia desses, enquanto eu lia o jornal no café da manhã, veio com uma conversinha mole, querendo saber como eram minhas viagens de férias. Começou a me perguntar quanto eu gastava, como eu fazia pra me virar sozinho, em quais sites dava pra buscar hospedagem… Saquei logo que aquilo não era normal.

A confirmação veio uns dias depois, quando ela me apareceu em casa com um passaporte na mão. Um, não. Dois! Não satisfeita com o brasileiro, já foi logo mandando ver um italiano também. Cáspita! Pensei com meus botões: isso não vai parar por aí. Mais um tempinho e ela quase me mata de aflição: tinha comprado um pacote de viagem pra Europa.

Antes de mais nada, tenho que admitir que muito disso é culpa minha. Eu mesmo dei exemplo, reconheço. E mãe a gente sabe como é: se espelha naquilo que o filho faz. Exemplo dado, exemplo feito. Fazer o quê…

Bendita hora, mãe, em que deixei a senhora me ver saindo de casa com a mochila nas costas pra passar um tempo por aí, sem fazer nada, só me divertindo. Agora estou pagando na mesma moeda: saudade. Só me resta esperar que a senhora volte bem no fim do mês.

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Nesse período, fico aqui, coração apertado, esperando uma ligação todos os dias ou um simples e-mail dizendo “filho, tô bem”. Mas filho é um bicho cabreiro. Certeza mesmo de que ela está bem só vou ter quando for buscá-la no aeroporto.

Porque por mais que as mães digam “tô bem”, para nós, filhos, sempre fica aquela pontinha de preocupação. E com motivo. Como no caso dos países que a minha mãe resolveu conhecer.

Não quis falar nada pra ela não me achar um chato com essas minhas preocupações de filho. Mas Holanda?! Dizem que essa tal de Amsterdam é a maior perdição. Que têm uns cafés que de cafés não têm nada, nem a xícara.

Fiquei sabendo que o que eles vendem mesmo nesses lugares são aqueles cigarros compridões, de cheiro estranho, que deixam as pessoas meio bobonas. Como é que um filho não vai se preocupar com a mãe num lugar desses, me diz! O que me conforta é que a dona Marcelina sempre foi uma mãe responsável, exemplar, que nunca me deu trabalho. Com as mães, confiança é a palavra-chave.

E eu também espero que minha mãe tenha me ouvido quando pedi pra ela levar um casaco na viagem. Principalmente lá na Inglaterra, onde, dizem, cai um sereno danado.

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Eu sei que a gente cria mãe pro mundo e que ela deve ficar um pouco braba comigo quando implico com essas coisinhas. Até porque, ela já não é mais nenhuma criança. Sabe o que está fazendo. Mas coração de filho é assim mesmo: um poço de preocupações!

Ah, mãe, se não sou eu pra me preocupar com a senhora…