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Publicado originalmente no caderno Verão da Gazeta do Povo no último sábado (8).

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Se paciência fosse vendida na farmácia, deveria ser prescrita em doses cavalares a quem decide passar a temporada na praia. Aplicação direta na veia, pra bater logo no

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cérebro e o sujeito ficar de uma vez calminho, calminho, feito paciente que acaba de voltar de anestesia. Porque o tempo que se leva pra se fazer qualquer coisa no Litoral por essa época do ano exige mesmo uma paciência oriental, quase alienígena.

Como o caso daquele sujeito de Curitiba que com muita paciência conseguiu finalmente chegar ao caixa do supermercado no balneário em que passava o veraneio. O caboclo até venceu a fila com muito cansaço. Mas não teve como comprar o que pretendia. Chegou a ralhar com a caixa, a chamar o gerente, a ameaçar entrar na Justiça. De nada adiantou. Para desalento daquele pobre veranista, o gerente do supemercado conseguiu comprovar para ele que o tal do Cruzeiro já não valia mais nada há muito tempo, desde quando decidira entrar na fila.

Exagero? Então comece a reparar, você que está aí embaixo, meu caro pai de família, minha estimada adolescente de férias escolares, se a frase que você mais tem ouvido nos últimos dias não é “Próximo!”

Da balconista da padaria (“Próximo!”). Na sorveteria (“Próximo!”). Da parentada em casa na hora de tomar banho (“Próximo!”) Do garçom na fila de espera da mesa do barzinho (“Próximo!”). Do cobrador de pedágio na estrada (“Próximo!”). Na hora de ir embora da balada (“Próximo!”). Na hora de pesar o prato no buffet por quilo (“Próximo!”).

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Mas não há por que se preocupar. Esse martírio todo tem prazo de validade. Ele não é para a vida toda, não. Já, já a temporada termina e tudo volta à sua mais plena normalidade. Pelo menos até o próximo verão.