A crise financeira mundial provocará um aumento no número de pobres e indigentes na América Latina em 2009, alertou a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). A previsão de crescimento para a região em 2009 também foi revisada em forte baixa por causa da crise. De acordo com a instituição, os países mais afetados pela pobreza serão aqueles dependentes dos Estados Unidos.
A Comissão estima em um informe que a percentagem de população vivendo abaixo da linha da pobreza diminuiu um ponto percentual em 2008, sem comparado com 2007, para 33,2 por cento, mas as perspectivas para 2009 são sombrias.
A extrema pobreza aumentou um pouco, passando de 12,6 por cento em 2007 para projetados 12,9 por cento em 2008 – o equivalente a 71 milhões de pessoas.
Os dados estatísticos contribuem para o aumento da taxa de desemprego que subirá de 7,5% em 2008 para algo entre 7,8% e 8,1% em 2009, segundo a Cepal.
A Cepal, sediada em Santiago, no Chile, é uma comissão regional das Nações Unidas imcumbida de contribuir com o desenvolvimento econômico da América Latina.
Expectativas
Segundo dados divulgados pela Cepal a crise resultará uma demanda menor de bens de exportação e menor investimento no setor produtivo, ao lado de uma diminuição das remessas dos migrantes e limitações nos mercados financeiros internacionais para a América Latina.
“Espera-se que o emprego permaneça estanque durante 2009 e as remunerações reais se mantenham, em média, sem variações, ou diminuam levemente. As previsões indicam uma deterioração da renda dos lares, que se concentraria nos trabalhadores autônomos e nos assalariados informais”, ressaltou o informe.
“Nesse contexto, é provável que a pobreza e a indigência cresçam ligeiramente, estendendo o comportamento negativo já iniciado em 2008”, acrescentou a Cepal em comunicado.
Diferenças entre os países também serão sentidas e os mais afetados pela diminuição de remessas ou por sua conexão mais direta com o mercado norte-americano se verão em maiores complicações.
Os países com estruturas de exportações menos diversificadas e concentradas em bens cujos mercados foram os mais sensíveis à crise ou que têm sistemas financeiros mais frágeis também serão afetados.
Crescimento
A Cepal prevê expansão de 1,9% em 2009, a taxa mais baixa em seis anos, ante crescimento de 3% previsto no ano passado.
O desempenho em 2009 representará uma forte desaceleração em relação a 2008, quando a América Latina crescerá 4,6%, segundo dados preliminares da Cepal.
2009 marcará o fim dos seis anos de crescimento sustentado que se seguiu à recessão de 2002, quando a região registrou contração de 0,5%, disse a Cepal. Segundo a comissão, o Brasil crescerá 5,9% em 2008 e 2,1% em 2009.
O Peru, com projeção de crescimento de 5%, deverá registrar o melhor desempenho regional em 2009, segundo a Cepal.
Em 2008, o Uruguai liderou o crescimento econômico regional, apresentando expansão de 11,5%, seguido pelo Peru, com 9,4%, e o Panamá, com 9,2%. México e Haiti apresentaram o mais baixo crescimento regional, com 1,8% e 1,5%, respectivamente.