A Organização das Nações Unidas (ONU) alerta que a crise pode gerar um fluxo de mais de 10 milhões de pessoas pelo mundo, muitos deles voltando para suas casas diante do fechamento de fábricas e falta de trabalho em alguns dos principias pólos de atividade econômica do planeta. Já associações de imigrantes na Europa denunciam os planos de alguns governos de se utilizarem da crise para justificarem expulsões em massa.
Segundo o secretário-geral da Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento, Supachai Panitchpakdi, grande parte das pessoas afetadas estão na Ásia, mas imigrantes em outras partes do mundo também sofrerão, entre eles os latino-americanos nos Estados Unidos e na Europa. Segundo ele, as remessas de dinheiro dos imigrantes também sofrerão queda importante em 2009.
A queda na demanda dos países ricos ainda está fechando fábricas na China. O resultado é o desemprego de milhões de pessoas que haviam deixado seus países e as regiões mais remotas da China em busca de melhores salários nas fábricas. O mesmo fenômeno estaria atingindo regiões como Taiwan e Macau.
Dados do Ministério das Relações Exteriores do México mostram que só seu consulado em Denver registrou em 2008 aumento de 25% nos pedidos de incentivos para volta definitiva ao México.
Cerca de 100 mil dos 1 milhão de poloneses que foram trabalhar no Reino Unido desde 2004 já retornaram. Outros 200 mil poderão voltar em 2009 se a recessão piorar, segundo a agência de recrutamento Access Europe. Em Portugal, dados obtidos pelo Estado com a Organização Mundial de Migrações apontam que a crise está entre os fatores que levam brasileiros a pedir ajuda para voltar.
Ajuda humanitária
A crise financeira global pode ter um impacto terrível sobre os esforços humanitários no mundo todo, aponta o alto-comissário da ONU para refugiados, António Guterres, pedindo aos países desenvolvidos que dêem à vida humana a mesma importância conferida aos bilionários pacotes de resgate dos bancos.
“Seria inconcebível, num mundo em que as pessoas gastam centenas de bilhões ou mesmo trilhões de dólares para resgatar bancos, que a mesma determinação não seja demonstrada para resgatar vidas humanas”, disse
O Alto-Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) pediu em outubro do ano passado aos governos que não cortem a ajuda a agências humanitárias. Mas países importantes mergulharam na recessão desde então, e a perspectiva econômica global permanece sombria.
O maior doador do Acnur são os Estados Unidos, que deram mais de 505 milhões de dólares nos dez primeiros meses do ano. Em seguida vêm União Européia (130 milhões de dólares) e Japão (110 milhões), segundo o site do Acnur.