Olá amigos,
O assunto de hoje é publiciade no humor e vice-versa.
Recentemente conversei com o grande amigo Zé Luiz Martins, Diretor de Criação da Agência AFRICA e pedi sua opinião sobre essa relação entre publicidade e humor nos dias atuais.
Seguindo a receita do compartilhamento, aqui vai a opinião de um dos melhores especialistas nos 2 assuntos:
“Antes de mais nada, quero me apresentar: sou redator publicitário há 14 anos e humorista há cerca de 3 anos. Portanto, nada mais natural que meu texto reúna essas duas atividades que exerço com igual paixão.
Quando comecei minha carreira em agências (e se você puxar pela memória, certamente vai lembrar), a publicidade brasileira era repleta de campanhas memoráveis justamente por terem bom humor. E o que acontece hoje, que nossos intervalos têm uma concentração sensivelmente menor de peças engraçadas? Será que os profissionais de então estavam errados? Será que o público mudou?
Nos últimos anos, os profissionais de marketing e publicidade têm convivido com um novo componente chamado “branding”. Numa definição bem despretensiosa, podemos dizer sua função é evitar que os esforços de uma marca se diluam em várias direções (afinal se num barco, uma pessoa remar para a direita e outra para a esquerda, o barco não sai do lugar). Ao meu ver, a maior contribuição do branding é fazer com que cada peça de comunicação seja um tijolinho dentro da construção daquela marca.
Até aí, tudo certo: um poderoso e eficaz instrumento a serviço de campanhas melhores. Mas por que após o surgimento do branding, o humor acabou perdendo espaço? Afinal, uma coisa não anula a outra, ou vice-versa. Porém, enquanto as campanhas divertidas e cheias de leveza perdem espaço, vemos dezenas e mais dezenas de campanhas com frases feitas e receitas de como devemos viver – algumas parecem até power-points de auto-ajuda filmados. Por que, para se construir responsavelmente uma marca é necessário ser sisudo ou panfletário? Desafio qualquer um a dizer que a campanha “não é nenhuma Brastemp” ou os limõezinhos da Pepsi Twist não tinham branding.
Eu não seria maluco de insinuar que toda campanha deva ter humor. Ele é apenas um instrumento dentro da rica caixa de ferramentas que um bom publicitário deve ter (ao lado da emoção, do argumento inteligente e irrefutável, entre outros). Mas ao mesmo tempo que humor não é solução para tudo, também não é ultrapassado nem tampouco inútil. Ele é sim muito útil em determinadas situações de mercado: pode ajudar sua campanha a ser relevante e memorável para seu target.
Nós, de agências, produtoras e departamentos de marketing vemos e revemos a campanha dezenas de vezes, com total atenção, dentro de nossas salas de reunião ou de pesquisa. Mas é sempre bom lembrar que o público assiste uma sala bem diferente: onde seu comercial tem que disputar a atenção dele com o choro do filho ou a campainha tocando”.
Por: José Luiz Martins
Twitter: @zeluizmartins / Blog: Sempé-nem-cabeça /