Pare e reflita: há quanto tempo você não ouve música? Ouvir mesmo!! Parar tudo que está fazendo e concentrar-se no som, na melodia, nos arranjos, na letra. Nada de ouvir durante o trabalho ou estudo; nada de ouvir enquanto dirige, cozinha ou bate-papo com os amigos… Pois essa experiência foi oferecida pela banda Giovanni Caruso e o Escambau, no lançamento de seu novo álbum e o 3º gravado em estúdio, “O Novo Tentamento”, no último sábado. A audição aconteceu no Cine Guarani, no Portão Cultural, e trouxe à tona o sentimento de como é bom e importante prestarmos mais atenção em canções que entram em nossos ouvidos.
O evento contou com uma plateia que praticamente lotou o espaço. Na tela do cinema via-se apenas a capa do álbum, praticamente estática, apresentando apenas os títulos de cada música ao início das execuções. Os presentes, ao início tímidos, foram soltando suas opiniões através de aplausos. E, ao final da audição, a banda apresentou seu novo clipe, “Cidade dos Normais”, com áudio e vídeo um pouco fora de sincronia, é verdade, mas que não afetou a beleza da apresentação. Após um discurso com inúmeros agradecimentos… aplausos merecidos a este trabalho!!
Bem… sobre o álbum? Aqui vai minha singela opinião: FANTÁSTICO!! Como diversas postagens que ando lendo, principalmente de outros músicos, replico aqui que é uma “obra de gente grande”, Sua base embrionária é o rock, mas, como os discos anteriores, a experimentação de ritmos é a máxima mandatária da sonoridade final. Algumas canções lembram muito as obras psicodélicas da famosa banda dos anos 1960/1970, Os Mutantes, porém com um estilo mais particular. Encontram-se em “O Novo Tentamento” verves poéticas, letras irônicas, filosóficas, críticas ou ácidas, arranjos e composições bem elaboradas com grande diversificação de instrumentos que fogem do básico “baixo, bateria e guitarra”: metais, harpa, violoncelo, dentre outros.
Após a breve introdução “Entranhas”, instrumental ao som de piano, é apresentada a canção hipnótica “Observo Mutantes”. Na sequência, a sonoridade dançante “Cidade dos Normais” (deliciosamente um hit do álbum transformado em videoclipe e com todos os ares de sucesso radiofônico) é um convite a não ficar parado. “Atos de Uma Anti-Hepática” é uma bossa nova hilária sobre a ressaca pós-bebedeira, cantada com louvor pela Paraguaya. Seguindo, “Apocalipse Segundo Um Deus Bêbado” apresenta uma letra crítica em um clima musical orquestral. “Epístola de Um Homem A Si Próprio” é, na minha opinião, a apoteose psicodélica do álbum – recomendadíssimo cerrar os olhos e “sentir” a música durante sua execução. O disco segue com as canções “Proibida a Execução Pública Pela Censura Federal” (trecho musical quase à capela), “Acho que Tu Faz Amor com Esse Computador” (sonoridade roqueira de ritmo mais cadenciado), “Parábola dos Errantes” (um rock bem ao estilo londrino dos anos 1960, com vocal marcante da Paraguaya), “Novas Cabeças Rolando” (letra crítica apoiada em arranjos “light” de violões) , “Meus Melhores Amigos Jamais Me Deixam Só” (música com arranjos variantes de estilos extremos e uma pitada de psicodelia), “Comunhão dos Infiéis” (um pequeno mantra à capela) e, fechando a obra, “Conspiração” (linda balada musical apoiada com arranjos de violoncelo, harpa e metais e que lembra trilhas sonoras de clássicas películas do cinema).
Bem… chega de tentar explicar, pois cada um pode tirar sua conclusão auditiva… então, não perca tempo!!! Confira o álbum completo:
E assista o videoclipe “Cidade dos Normais”:
(por Sérgio DILAN)