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No filme “O Feitiço do Tempo” de 1993, um repórter vai cobrir um festival dedicado à marmota, no interior dos Estados Unidos. Algo inexplicável acontece, e então todas as manhãs ele acorda no mesmo dia, e tudo se repete indefinidamente.

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Coincidentemente, Marmota, na gíria brasileira, significa “Comportamento de quem tenta enganar; artimanha, ardil.”

Hoje, a nossa marmota na política brasileira se resume a assistir velhas práticas e ideias – que ao contrário de um bom vinho, envelheceram mal.

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O PAC – aquele que catapultou Dilma Rousseff à presidência da república em 2010 – está de volta. O governo parece não ter aprendido que o caminho para o crescimento econômico, com empregos e renda, exige um ambiente econômico favorável aos investimentos privados e não por investimentos públicos ineficientes. Em sua encarnação anterior, o programa de infraestrutura deixou um rastro de obras atrasadas, construções abandonadas e contratos com sobrepreços.

Não paramos por aí. O “Bolsa Família” turbinado está de volta, mas ainda seguindo a mesma trilha da canção “olha, quem está fora quer entrar, mas quem está dentro não sai”. É fato que o Brasil necessita de um programa de transferência de renda, mas com a ótica de cada vez menos dependência dele.

Temos ainda o “Minha Casa, Minha Vida” que registra recordes históricos de construção de habitações populares no país, mas repete erros de concepção que aumentam custos e problemas urbanos. Além dos custos diretos exigidos para a implantação de uma infraestrutura básica nos locais de construção, há outros ônus para os cofres públicos ou para os beneficiários, como o tempo (e o desgaste) de deslocamento para destinos diários, a poluição decorrente da demanda por transportes, a má qualidade da oferta dos serviços de saúde, educação e segurança.

Inúmeros são os casos do dia da marmota. Falta um olhar de futuro.

Falta uma responsabilidade fiscal como cláusula pétrea, atrelada à ampliação de investimentos e fortalecimento de reformas estruturais.

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Falta maior abertura do Brasil ao mercado internacional, menos regulação estatal e aprofundamento da diminuição da máquina estatal.

Falta tolerância zero com o crime, com liberdade para proteção.

Falta prioridade à ciência, tecnologia e inovação.

Falta mais incentivo ao livre empreendedorismo, com menos burocracia.

Falta a educação de excelência como prioridade, com foco no nível básico.

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Falta um novo pacto federativo, com descentralização de receitas e autonomia a estados e municípios na formulação de políticas públicas.

Só assim, o Brasil acordaria do terrível dia da marmota populista, e de fato seguiria na trilha daquilo que Stefan Zweig cunho como “país do futuro”!

Juan Carlos C. Gonçalves é graduado em Ciência Política e em Gestão de Políticas Públicas pela UnB, mestre em Administração Pública pelo IDP. Possui MBA em Gerenciamento de Projetos pela FGV e tem formação pelo RenovaBR. Representou diferentes escritórios de Relações Governamentais em Brasília. Fez parte do quadro do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Passou a integrar o Ranking dos Políticos em 2020. É diretor-geral da entidade desde 2023.