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Não concordo com o que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito a dizê-lo. – Voltaire

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Nesta semana, o Facebook derrubou nada menos do que 196 páginas e 87 perfis de usuários.

Ao excluir sumariamente páginas e perfis com milhões de seguidores, sem qualquer notificação e direito ao contraditório, a rede americana atacou justamente a característica que lhe tornou o sucesso que é: uma plataforma livre, que empodera (para usar uma palavra da moda) os usuários e permite a exposição das mais diferentes formas de pensar.

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Neste caso, porém, o Facebook simplesmente descartou da noite para o dia todo o trabalho, investimento, e produção intelectual de milhares de pessoas. A ação caberia perfeitamente no enredo do livro 1984, de George Orwell, onde havia um “Ministério da Verdade”. Não é preciso dizer que a ideia não acabou bem.

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Houve quem argumentasse que estamos falando de uma empresa privada, e que por isso o Facebook teria o direito de derrubar as páginas que bem entendesse. Porém, a alegação da própria rede, publicada em nota oficial, foi a de que “essas páginas e perfis faziam parte de uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação”.

Será mesmo?

O episódio faz lembrar a ocasião em que Mark Zuckenberg, fundador do Facebook, foi duramente questionado por Ted Cruz no Senado americano por uma situação similar nos Estados Unidos. Para o político do Partido Republicano, as exclusões de páginas e perfis que ocorreram por lá tiveram motivo meramente ideológico (assista abaixo).

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A julgar pelo teor das publicações das páginas e perfis que foram excluídos no Brasil – todos de viés conservador/liberal – há motivos para também suspeitarmos do cunho político da atitude do Facebook. A Gazeta do Povo abordou muito bem o assunto em seu editorial de hoje, 27/07.

Como reação ao ocorrido, o deputado federal Jeronimo Goergen (PP-RS) chegou a sugerir a abertura da “CPI do Facebook”, e o procurador do MPF-GO, Aílton Benedito de Souza, emitiu um despacho em que cobra, em caráter de urgência, explicações e detalhes do Facebook sobre a retirada das página.

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Vale dizer que, independente da nossas posições políticas, não devemos aceitar que um determinado tipo de pensamento (desde que dentro das regras democráticas) seja proibido de se manifestar, como parece ser este caso. Do contrário, estaremos apenas compartilhando a censura, correndo o sério risco de sermos as próximas vítimas dos “Guardiões da Verdade” do Facebook e seus similares.

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