Quem acompanhou a Copa do Mundo deve ter ouvido falar de Kolinda Grabar-Kitarociv, presidente da Croácia. A carismática líder do país vice-campeão do torneio esteve em evidência, entre outras coisas, por ter pago do próprio bolso suas despesas para acompanhar o mundial. Além disso, descontou do seu salário os dias em que esteve na Rússia, e assistiu a alguns jogos do time croata da arquibancada, misturada à torcida dos seus compatriotas.
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Sem entrar no mérito de algumas supostas posições polêmicas, Kolinda deu um belo exemplo de responsabilidade com o dinheiro público – que contrasta enormemente com as recentes decisões e pretensões dos políticos brasileiros.
Em São Paulo, por exemplo, a Câmara dos Vereadores aprovou o aumento de privilégios dos servidores municipais, entre eles o “auxílio-esposa”. Somente seis vereadores votaram contra o projeto.
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No Rio de Janeiro, a Alerj aprovou lei que garante aposentadoria a PMs e bombeiros inativos que forem expulsos.
Já em Brasília, os parlamentares derrubaram o veto que impedia o reajuste de salários dos servidores públicos no âmbito da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2019. Segundo o Ministério do Planejamento, 253 mil servidores civis ativos e inativos têm previsão de reajustes escalonados até 2019, o que representam aumento de R$ 4,4 bilhões no ano nas despesas com servidores. Os deputados que votaram pelo fim da proibição do reajuste perderam 30 pontos no Ranking dos Políticos.
Também foi retirada a obrigação de reduzir em 5% as despesas de custeio administrativo no próximo ano para todos os Poderes, que abrange gastos com pagamento de diárias, água, luz e telefone.
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São muitas as medidas que atacam o equilíbrio fiscal brasileiro, as chamadas “pautas-bomba”:
1) Compensação da União aos Estados pela desoneração do ICSM à exportação – Impacto: R$ 39 bilhões ao ano
2) Benefício para transportadoras e caminhoneiros autônomos – Impacto: R$ 27 bilhões até 2020
3) Refis para dívidas do Funrural – Impacto: R$ 13 bilhões ainda em 2018
4) Refis do Simples – Impacto: R$ 7,8 bilhões por ano
5) Revogação do benefício para refrigerantes – Impacto: R$ 1,78 bilhão ao ano
6) Manutenção do reajuste salarial a servidores – Impacto: R$ 8 bilhões
7) Reinclusão de empresas no Simples – Impacto: não estimado
8) Permissão para venda direta de etanol – Impacto: R$ 2,4 bilhões ao ano
9) Renovação Sudene e Sudam e inclusão Sudeco – Impacto: R$ 9,3 bilhões até 2020
10) Criação de novos municípios – Impacto: não estimado
11) Tesouro deve financiar juros de precatórios de Estados e municípios – Impacto: não calculado
12) Reajuste para agentes comunitários de saúde – Impacto: não estimado
Como se não bastasse, os parlamentares articulam aumentar seus próprios salários, que passaria de 33 para R$ 38 mil.
Ou seja, além do melhor desempenho de sua seleção dentro de campo, as atitudes da presidente da Croácia são um verdadeiro 7×1 nos políticos brasileiros quando se fala em respeito ao orçamento público.
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