Quem não lembra das histórias de Branca de Neve ou da perversa madrasta de Cinderela, que a obrigava a limpar o castelo?
Na época dos contos infantis muitas mulheres morriam no parto e os homens, rapidamente arranjavam uma substituta para cuidar dos filhos. Por esta razão na literatura infantil a madrasta é sempre má e suas atitudes são sempre para prejudicar os filhos que não são dela.
Nos dias atuais, com o crescente número de separações e recasamentos a madrasta tem na nova estrutura familiar um papel muito diferente das histórias. Já não existe mais aquele preconceito de antigamente, quando era vista como uma mulher sem coração, e não faltam exemplos de crianças e adolescentes que se dão muito bem com a nova companheira do pai. Inclusive, os filhos costumam apresentá-la como “a nova mulher do meu pai” e não como minha madrasta – termo cada vez mais em desuso.
A cada dia que passa aumenta o número de mulheres sem filhos que acabam se relacionando com homens que já são pais. Os desafios são muitos. Começa pelo próprio homem que vem de um casamento que acabou e vive o dilema de como educar os filhos sem a presença da mãe biológica. Os filhos, muitas vezes, ainda confusos com a separação dos pais encontram dificuldades em ver o pai com outra mulher. Os meninos costumam aceitar melhor a situação. Se ninguém os perturbar também não incomodam. Já as meninas têm uma relação muito mais próxima com a mãe e sofrem mais. E, por último, a ex-mulher dele, que por melhor que seja, está presente nessa situação.
A mulher que entra na nova estrutura familiar precisa entender que a mãe é insubstituível. O grande desafio é entender que não pode substituí-la, não pode ser uma segunda mãe e nem se colocar como a melhor amiga dos enteados. Esta é uma relação que deverá ser construída com calma, muita paciência, respeito, confiança e admiração mútua.
Rafael, 45 anos, viu sua vida se transformar num verdadeiro inferno quando sua filha Luiza de 17 anos veio morar com ele e com a sua nova esposa Karen, de 24 anos. Luiza chegou querendo mandar em casa, tentando colocar Karen em segundo plano. Ela escolhia o cardápio diário, o filme que iriam assistir, o restaurante, onde iriam passar as férias e, inclusive, na hora de assistir tv ela é que fica deitada no colo do pai.
As duas sempre disputando a atenção e o afeto de Rafael quando ele estava próximo. Quando ele saia para o trabalho elas se comportavam como grandes amigas, trocavam confidências, iam juntas ao Shopping, ao cabeleireiro e ao cinema.
Rafael já não agüentava mais chegar em casa e só ouvir as reclamações de ambas. Decidiu buscar a ajuda de um terapeuta.
Em pouco tempo todos aprenderam que para uma convivência pacífica alguém tem que ceder. Karen foi orientada a se posicionar como madrasta e dona da casa e não como a melhor amiga de Luiza. O pai, por sua vez, parou de tratar a filha como uma criança e passou a tratá-la como uma adolescente com seus limites. Todos trazem para a nova vida suas vivências e se dão conta de que as tentativas de eliminar as diferenças na marra não dão muito certo. É preciso muito jogo de cintura, paciência e aceitação.
A madrasta precisa ter em mente que não pode ter ciúmes nem das crianças e nem da ex-mulher. Elas já existiam antes dela, por tanto, nada de competições. Cabe a ela deixar claro para as crianças que o seu papel não é o de substituir a mãe. O segredo é ir conquistando as crianças aos poucos sem esperar um amor maternal.
Quando as crianças são pequenas as dificuldades são ainda maiores. Tanto a morte como a separação mexe com a estrutura emocional deixando-as confusas e abaladas. A vinda da madrasta na vida delas vem para aumentar a sensação de perda. Na cabecinha delas perderam a mãe e agora estão perdendo o pai para uma outra mulher. Para elas pode representar uma grande frustração porque acaba com a esperança de uma reconciliação entre os pais.
Quando a ex-esposa não aceita o novo relacionamento do ex-marido a situação fica mais complicada porque, geralmente, ela fará a cabeça das crianças contra a madrasta. Quando a ex não interfere no novo relacionamento a relação com os filhos dele pode ser bem mais civilizada e harmoniosa.
Muitas vezes, um novo casal tem dificuldades em gerir certas situações porque as pessoas que estão de fora se intrometem, através dos filhos. É o caso dos avós, tios e outros parentes quando não simpatizam com a pessoa escolhida pelo pai.
Se os filhos moram com a mãe e passam somente o final de semana na casa do pai, desde o início, deverá ficar claro quais são as regras e os limites para que possam ter uma convivência pacífica. Tem pai que por se sentir culpado por não acompanhar de perto o crescimento e o dia-a-dia dos filhos extrapola os limites do bom senso dando, muitas vezes, mais do que pode dar. Para compensar a falta de afeto e presença abusa na mesada, brinquedos, presentes ou viagens.
Apesar de todas as dificuldades, certamente ser madrasta não é tão complicado como ser padrasto. Os padrastos vivem mais com os enteados do que as madrastas. Em noventa por cento dos casos os filhos ficam com a mãe na hora da separação ficando com a madrasta nos finais de semana e nas férias.
A difícil arte de agradar
· Faça de tudo para que os enteados sintam a sua casa como casa deles.
· Deixe claro que a educação dos enteados é responsabilidade do pai deles e, que está disposta a participar se for solicitada. No entanto, se for omissa, certamente, será acusada de não querer ajudá-lo a criar as crianças ou não gosta delas.
· Fique distante dos problemas do marido com a ex-mulher, dos filhos com a mãe e dos conflitos com relação à pensão, dinheiro, etc.
· Interfira o mínimo possível no dia-a-dia dos enteados. Não dê palpites e pense duas vezes antes de falar determinados assuntos, mesmo quando solicitada.
· Novos valores e condutas familiares devem ser impostas sempre pelo pai.
· Jamais se refira a mãe biológica de forma pejorativa. Quando os filhos percebem que a madrasta respeita a mãe é mais fácil aceitá-la e respeitá-la.
· Não fique desestabilizada quando as crianças, mesmo sendo mentira, elogiam a comida da mãe, a beleza física dela ou o seu comportamento.
· Não revide num momento difícil ao ouvir: “Você não é a minha mãe!”
· Lembre-se que ao repreender um enteado você sempre será a bruxa má.
· Quando acharem que você está errada, passará por ridícula e tonta.
· Se está certa e tem razão, será apontada como chata.
. Aprenda a dizer não e justifique.
· Não tente conquistar o amor do seu enteado. Você não é obrigada a gostar dele. Apenas mantenha uma relação de cordialidade, educação e respeito.
· Não permita que as picuinhas do dia-a-dia interfiram no relacionamento conjugal.
· Abuse da sua sabedoria para evitar que as armadilhas impeçam a construção de uma família feliz.
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