Além do horizonte

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O mundo e as relações humanas se tornaram globalizadas através da internet. Assim como é possível estar a negócios em qualquer lugar do planeta, o coração pode ser flechado à distância. Muitas vezes o cupido não escolhe nem hora e nem lugar para lançar sua flecha. A cada dia que passa cresce o número de pessoas que mantêm relacionamentos amorosos fora do seu espaço físico. Empresas especializadas estão aí para auxiliar no intercâmbio, inclusive internacional.

Em 1998 fui procurada por Laura, na época com 37 anos, arquiteta, viúva há dois anos e com três filhos pequenos. Após o acidente que vitimou o marido, ela decidiu mudar de cidade porque a família continuava abalada com a tragédia. Na época ela desabafou que mudar de cidade seria pouco. Estava disposta a mudar sua história, queria sair do país com os filhos. Comentou que não tinha pressa. Não abria mão de que fosse um homem íntegro, decente, honesto e que gostasse de crianças.

Onze meses se passaram quando foi apresentada ao arquiteto John O’Neil de Washington. Ele veio passar duas semanas em Curitiba para conhecê-la. Foi paixão à primeira vista. Houve um entrosamento perfeito logo de cara com as crianças. Após oito meses ela e as crianças mudaram para os Estados Unidos. Todos os anos recebo um cartão de Natal e uma bela mensagem de agradecimento.

Algumas pessoas simplesmente optam por trocar de cidade ou de país para tentar novas oportunidades profissionais. Outras se rendem à uma nova paixão e partem em busca da felicidade. Ter um relacionamento saudável à distância requer equilíbrio emocional, esforço, bom senso, confiança em si e no parceiro, muita paciência e estar predisposto a encarar novos desafios.

Lia, 42 anos, engenheira, percebeu que estava sendo paquerada, na sala de embarque, do aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre. Para sua surpresa, eis que, o tal sujeito, sentou ao lado dela. Conversaram até o desembarque dela em Curitiba. Ele seguiu até São Paulo para embarcar para Frankfurt onde atua como Diretor Industrial de uma multinacional. Antes do embarque Carlos ligou para a residência dela. Durante dois anos foram muitas idas e vindas. Segundo ela, nem sempre foi fácil lidar com as questões da distância e dos ciúmes de forma racional. Também não foi fácil a decisão de mudar para a Alemanha tendo uma carreira estruturada e bem sucedida. Mas, jura que está valendo a pena. “Nos damos super bem e somos muito felizes”, declara.

Viver um amor à distância pode ter um lado bom. A rotina, um tormento na vida da maioria dos casais, não existirá. Para administrar a saudade, os meios de comunicação como telefone e internet são grandes aliados. Ai, que saudade! Nessa hora é bom pensar na alegria do reencontro e aproveitar os momentos livres para dar mais atenção às atividades diárias como se cuidar, ir à academia, sair com os amigos, pegar um cineminha. É importante ocupar o tempo para não ficar pensando bobagens à respeito do parceiro enquanto estão longe.

Mesmo longe, é possível manter acesa a chama da paixão?

O amor é o mais perfeito e completo exercício da vida. E, assim como a vida, ele não vem com o “script” pronto. Temos, a cada dia, a liberdade de escolha, o livre arbítrio. Se você quer que o seu romance dê certo, ame primeiro a si mesmo, à vida, à incrível capacidade que você tem, como ser humano, de manifestar amor.

Amar é uma decisão pessoal e intransferível. É você e só você que decide amar ou murchar no temor de que “pode não dar certo”. É natural ter uma enorme vontade de ganhar e dar amor, de viver amor. De estar sempre juntos. Mas, ao mesmo tempo, vem um grande medo de perder. “E se não durar?” “E se eu me machucar?” “E se longe dos meus olhos meu amor sair com outra pessoa?”

Vale lembrar que ninguém é feliz o tempo todo. A felicidade é feita de pequenos e preciosos momentos. Amar pode dar certo, sim! Desde que você tenha a coragem de amar sem esperar “certificado de garantia”.

E amar à distância pode dar certo, se você tomar a decisão de colecionar momentos felizes a cada reencontro. Assim a chama da paixão se manterá sempre acesa e, como canta Roberto Carlos,” além do horizonte existe um lugar, bonito e tranquilo pra gente se amar”…