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Estou apaixonado por uma amiga. Somos advogados, cursamos a faculdade juntos e até já trabalhamos no mesmo escritório no início de nossas carreiras. Temos 34 anos, somos solteiros, sem filhos e cada um tem o seu próprio escritório, inclusive, no mesmo prédio. No entanto, não deixamos de nos ver um dia sequer. Almoçamos juntos ou quando isso não é possível, vamos até a confeitaria para tomar um café. Nos finais de semana nos encontramos com os amigos ou saímos para almoçar ou pegar um cineminha. Ao longo desses 17 anos de convivência dividimos alegrias e tristezas. Choramos juntos a morte de nossos pais e sempre vibramos juntos com as nossas conquistas amorosas. Só que nunca tivemos muita sorte nesta área. Nenhum dos dois sabe o que é ser feliz no amor.

Recentemente recepcionei um amigo canadense. Assim que ele chegou saímos os três para jantar. Ele ficou encantado com ela, literalmente apaixonado. Confesso que pela primeira vez fiquei louco de ciúmes. Senti vontade de jogá-lo do 18°andar e despachá-lo no próximo vôo. Quando ele tocava no assunto eu o desestimulava dizendo que ela continua apaixonada pelo ex-namorado. Ela também o achou interessante, mas eu desconversei dizendo que ainda pensa na ex. Assim que meu amigo viajou, comecei a me sentir incomodado. Algo mudou. Não consigo mais ser espontâneo, quando estou com ela minhas pernas tremem, fico muito enciumado quando conta que foi paquerada. Estou apaixonado, mais do que isso, eu a amo. E agora, Marlene? Elias

Existe uma linha tênue entre o amor e a amizade. Uns fogem outros lutam por esse amor. No amor não existem garantias é preciso correr o risco. Segundo Shakespeare, “nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de errar”.

Amigo é aquele que nos conhece do avesso, discorda quando achamos que estamos certos, manda baixar a bola quando extrapolamos, conhece nossos defeitos, mas jamais nos julga por causa deles. A amizade verdadeira é uma espécie de amor incondicional.

O ser humano é sociável por natureza. Ele necessita de laços sociais porque sente um vazio, tem a sensação de incompletude e o amor alivia esse vazio. A amizade verdadeira não se perde ao se falar de amor até porque o amor já está dentro dela.
A questão é tentar entender se não esta confundindo as coisas. Sim, enquanto ela mantinha interesses, paqueras ou até namoros com pessoas que lhe eram desconhecidas, o ciúme inexistia. Bastou um amigo seu se interessar por ela para o sentimento aflorar? Reflita: inconscientemente não seria uma questão de competição? O que o meu amigo tem que eu não tenho?

Muitas pessoas vivem histórias de amor maravilhosas que começaram com uma amizade. Por que não? É difícil diferenciar amor e amizade mesmo sabendo que o amor nasce de um desejo inconsciente, ou seja, o amor acontece ou não. Já um amigo pode ser escolhido de forma mais racional. E no caso da amizade o desejo pode acontecer somente de um lado, quando falamos em amor não correspondido.
Os desencontros nas relações humanas são comuns e não há como prever se o namoro irá estragar a amizade. Costumo dizer que com o passar do tempo é a amizade entre o casal que faz o vínculo se fortalecer.

Vale lembrar que o sucesso de um relacionamento está nos detalhes: na maneira como cada um encara suas dificuldades, aceita os desafios, é preciso que estejam ligados na mesma voltagem, não basta o casal ter gostos comuns. E esses detalhes só aparecem no dia a dia. O humor matinal, a TPM, os hábitos de higiene, deixar a toalha molhada em cima da cama, levar três horas pra trocar de roupa, gritar com o porteiro, hoje não, estou com dor de cabeça…, jogar futebol com os amigos, passar a tarde no salão de beleza, tudo isso faz parte da vida a dois e não de um relacionamento de amizade. ´

É difícil prever as reações da outra pessoa. Mas, ficar pensando sem encarar os fatos não vale a pena. Afinal, a fila anda e o objeto do seu amor pode encontrar outra pessoa. Você tem 50% de chances de ser correspondido e tem a mesma porcentagem de receber um não ou de até estragar a amizade. Vai depender do seu tato para abordar o assunto, afinal são 17 anos de convivência e, provavelmente, ela levará isso em consideração se ela apenas o vê como um grande e querido amigo.

Aborde o assunto com sutileza em tom de brincadeirinha e preste atenção nos sinais. Veja como será a reação dela. Pergunte meio que brincando: e seu lhe pedisse em namoro, você acha que teríamos alguma chance? Espere a reação dela e, certamente, você saberá como conduzir a conversa. É a hora para abrir ou não o seu coração…

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