Quando a convivência se transforma em drama ou em história de amor

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Quem é que nunca ouviu falar de um caso de paixão entre primos? É normal o adolescente se apaixonar por pessoas próximas. Quando um sentimento começa a nascer dentro de nós, ele não escolhe hora, lugar e nem tampouco a pessoa. Nesta hora, o cupido pode acabar flechando alguém da família. A descoberta do sexo oposto e a inexperiência podem gerar uma falsa paixão. Na maioria das vezes uma paixão não correspondida, apenas idealizada e desejada, uma paixonite, um encantamento pela própria idade.

Sara, 42 anos, casada, conta que cresceu ouvindo a história de Romeu e Julieta. Paixões e amores proibidos sempre aguçaram os seus sentidos. Aos 13 anos viveu uma paixão platônica arrebatadora. O alvo do seu objeto de desejo era o primo Alceu de 21 anos. Como tudo que é proibido é mais gostoso, tinha verdadeira fixação pelos seus belos olhos azuis. Ela lembra que, dava bandeira, mandava bilhetinhos anônimos, como se ele não conhecesse a letra dela e, seu coração disparava quando o encontrava nos almoços familiares. A família toda percebia, mas ele não estava nem aí, e ainda ficava irritado quando a situação era alvo de chacota. Hoje, quando se encontram o acontecido vira motivo para piada.

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O assunto tem sido retratado no cinema, nas novelas e nos livros em belos contos de amor. Na psicanálise, Freud teoriza o complexo de Édipo. Na ciência os pesquisadores e estudiosos se debruçam sobre as questões genéticas. Na vida real pode ser muito mais do que proibição, mito ou um affair passageiro. Pode se transformar em um amor para a vida toda, principalmente, quando o interesse mútuo acontece na fase adulta e ambos já tiveram outras experiências. É porque existe uma atração física real, compatibilidade e muita afinidade. Os dois se conhecem bem, conviveram desde a infância muito próximos e, sem saber bem porque, um belo dia, o “clic” aconteceu.
A primeira preocupação da família é como lidar com a situação. Quase sempre se torna uma barreira para o casal que quer ficar junto. Os parentes alegam que um casamento entre primos pode resultar em filhos com problemas genéticos, mentais ou físicos. Por conta disso, o relacionamento entre primos é sempre mal visto e desestimulado. As questões religiosas também ganham peso nesta hora. O incesto é punido pelas religiões cristãs.

Segundo os geneticistas um casal não consangüíneo corre um risco de até 2% de ter um filho com má formação ou algum tipo de doença fisiológica ou metabólica. No entanto, o risco pode ser de até 10% quando o casal é de primos em primeiro grau.

Na Idade Média, reis e nobres induziam à casamentos consangüíneos para não precisar dividir suas riquezas e heranças com outras famílias. Até hoje algumas culturas fazem questão que o casamento aconteça dentro do núcleo familiar para assegurar a manutenção dos laços familiares.

No mundo ocidental, esse tipo de relacionamento não costuma mais ser tão comum como há décadas passadas. Numa época de comunicação globalizada – Internet – as pessoas tem muito mais oportunidades para se interessar por colegas de escola, na balada, e os mais tímidos podem, anonimamente, viver paixões virtuais.

O casal que não quer abrir mão de ficar junto vai precisar de muita conversa e de acordos familiares. Os obstáculos podem ser muitos. O ideal é procurar uma pessoa mais esclarecida para mediar os conflitos, orientar e aconselhar as partes envolvidas.

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Beatriz e Luis Henrique – primos em primeiro grau – buscaram a ajuda de um tio para contar à família que iriam se casar. Quando Beatriz, aos 25 anos, cogitou de ir a Paris fazer um curso, os pais se opuseram. Nesta época, o primo recém tinha terminado o curso de Engenharia e, também, pensava em ir a Europa fazer uma especialização. Como os dois cresceram como irmãos, a família achou que para a segurança de Beatriz seria ótimo se os dois fossem juntos. Com o passar do tempo, lentamente, foram percebendo que o sentimento em seus corações, não era de irmãos ou de primos. Havia algo mais forte do que afinidades e vontade de estar sempre junto. A “ficha caiu” quando Luis Henrique teve uma violenta crise de ciúmes ao perceber o interesse de um francês por Beatriz. À partir deste episódio passaram a se relacionar amorosamente. Somente no retorno à Londrina, após quatro, a família teve conhecimento do romance. As barreiras foram muitas. Até hoje a mãe dele não permite que Beatriz a chame de sogra. Ela deixou claro que quer ser chamada de tia. O casal assegura que vivem felizes há 10 anos.

Paixão em família, paixão proibida?