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Foram três anos de namoro e dois de casamento. Quando conheci Beatriz ela era professora de ballet. Assim que casamos ela fez questão de parar de trabalhar. Aí percebi que ela queria um maridão com um cargo legal, um carro a sua disposição, uma mesada para as suas despesas pessoais e que pudesse proporcionar viagens, roupas e outros mimos.

Num primeiro momento pensei que ela continuaria trabalhando e que, dentro das suas possibilidades, também, se esforçasse para arcar com uma parte das despesas da casa. Aos poucos foi se mostrando uma mulher ausente no café da manhã, nas reuniões sociais e ainda dizia: “Não opine na minha vida, sei o que estou fazendo”.

Quando completamos um ano de casados, perdi o emprego. Foram seis meses muito difíceis até conseguir uma recolocação. Neste período ela se deu conta das dificuldades financeiras e foi procurar emprego. Ela arranjou um trabalho como promoter numa empresa de eventos. Saía quase todas as noites para trabalhar. A cada dia que passava voltava mais deslumbrada. Passou a conhecer gente interessante e, também, a levar muitas cantadas. Muitas vezes, ela deixava o celular desligado ou então atendia bem baixinho. Percebia que algo errado estava acontecendo. Vivia triste, nervoso, e aos poucos fui me tornando possessivo e ciumento.

Desempregado, chato e com a auto-estima abalada achei melhor dizer que estava tudo terminado. Para minha surpresa ela não se abalou. Arrumou as malas e voltou para a casa dos pais. Fiquei atônito, esperava que ela fosse chorar ou então querer conversar.

Naquele momento achei que estava fazendo a coisa certa. Não via objetivos comuns.

Os dias se passaram e eu continuei esperando que ela fosse ligar. Isto não aconteceu. Comecei a ficar agoniado e a sofrer. Liguei para ela reclamando porque não ligava, acabei ouvindo um monte de reclamações. Disse que eu era egoísta, que não respeitava a sua individualidade e que não agüentava mais contar moedas para as suas compras básicas. Ela literalmente acabou comigo.

No dia seguinte ela ligou sugerindo que poderíamos nos encontrar. Mas, deixou claro que não estava disposta a reatar, queria apenas amizade colorida. Alegou que gostava de transar comigo. Achei a proposta indecente, desliguei sem dizer uma única palavra.

Comecei a sair com os amigos, mas não conseguia relaxar. Só pensava nela. Mal conseguia enviar currículos pela Internet. Assim que consegui meu atual emprego resolvi ligar para convidá-la para jantar. Ela não atendia o celular ou quando atendia desligava sem uma única palavra. Fiquei desnorteado, perdido…

Enlouquecido decidi que queria reconquistá-la. Sem querer, a vi de mãos dadas com outro. Os dois caminhavam tranqüilamente no parque onde eu costumava correr.

Foi muito doído. Na mesma tarde liguei e ela confirmou que estava namorando. Desta vez fui eu quem sugeriu que nos encontrássemos. Ela concordou. Durante seis meses nos encontramos às escondidas do namorado. Passei de marido a amante…

Perdi completamente meu amor-próprio. Passei a ficar à mercê do jogo sexual que ela impunha. Ela sabia o quanto a desejava e não perdeu a oportunidade de me seduzir até no dia em que fomos assinar o divórcio. Rolou um flashback no apartamento dela.

Hoje estou muito consciente de que fiz tudo errado. Cedi demais e nunca me afastei o suficiente para ela sentir saudades.

Recentemente conheceu um homem muito rico e foi viver com ele na França.

Ainda me pego pensando nela. Fico me enganando achando que um dia ela descobrirá que o dinheiro não compra a felicidade… No fundo espero que o príncipe encantado dela se transforme em sapo.

Enquanto isso a vida continua…

Amor, paixão ou doença?

A cada dia que passa cresce o número de pessoas sofrendo pelos relacionamentos desfeitos. Aquela pessoa que há alguns meses ria de tudo, estava cheia de planos e sonhos, de repente, aparece triste, com cara de enterro porque houve um rompimento no relacionamento.

As pessoas esquecem que o amor requer cuidados especiais. Ele pode aflorar e minguar se não for devidamente alimentado. E, quem não cuida, perde!

E quem perde o seu amor, muitas vezes, deseja reerguê-lo, ressuscitá-lo a qualquer custo. Erros são admitidos. E um deles é amar de maneira doentia com sentimento total de posse. O amor não sobrevive ao aprisionamento. Nem tampouco à ansiedade generalizada de encontrar alguém à tarde – beijar, fazer sexo à noite e se deparar com um estranho na manhã seguinte.

Muita gente esquece de prestar atenção ao tempo de cada fase no amor: saborear lentamente cada emoção, cada palavra e ir segurando as emoções para então ocorrer a entrega total.

Quem se ama e se valoriza sabe que é merecedor de carinho, de atenção, de amizade e de paz. Por isso procura se resguardar para não entregar o seu coração e seus sentimentos a quem não merece o seu amor. Não vale a pena ficar sofrendo por alguém que na verdade, não soube reconhecer a sua dedicação. Amor não correspondido ou valorizado não serve para nada, a não ser para minar as forças e desestimular novas tentativas.

Se você ama e não é amado, não se lastime. Nem sempre um amor refogado faz bem a saúde. Transforme o que restou em carinho, em algo bom que passou. Deixe as boas lembranças no seu coração e diga adeus às ilusões perdidas.

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