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Páginas da Vida: é possível manter a individualidade num relacionamento?

Racionalmente sabemos que é possível equilibrar duas necessidades diferentes em nós: a de manter a individualidade e a de relacionar-se. O que será que ocorre no campo emocional, que faz manter estas duas em conflito?

Pequenas dificuldades do dia-a-dia geram conflitos que desgastam a relação. Lentamente a rotina vai se instalando e começa a minar o relacionamento. É aí que começam os questionamentos: Por que isso acontece? Como evitar? Como manter um casamento prazeroso?

Certamente é possível apontar vários fatores visíveis e até razoáveis. Todavia, as razões são quase sempre meras justificativas que encobrem o problema básico: insatisfação interior.

A grande maioria das pessoas entra num novo relacionamento trazendo consigo mágoas, frustrações, decepções e dores de amores mal resolvidos. A ânsia de sarar as feridas, o mais rápido possível, leva a pessoa a fazer escolhas inadequadas.

Quando uma relação acaba costumo sugerir que se dê um tempo antes de pensar em estar aberto para um novo conhecimento. É preciso elaborar a perda. Deixar o coração sangrar. Chorar o que tiver que ser chorado, Lavar a alma. Alguns felizardos conseguem fechar o ciclo deixando o passado para trás e estão aptos para entrar por inteiro numa nova história de amor.

Todavia, aqueles que se jogam nos braços do primeiro que os acolhem seja por solidão, carência, medo de ficar só ou por não saber lidar com as questões da rejeição, fatalmente viverão turbulências na vida a dois.

As pessoas geralmente ficam em uma de duas posições: morrer de medo de ser tragado pelo parceiro, e ter que desistir de si próprio, do sucesso e da realização e preferir abdicar da intimidade ou fixar-se tanto nas necessidades de expressão do outro, que se perde a sabedoria e o contato consigo mesmo, e ao estar fora de uma relação, parecer estar sem vida.

Num processo de esforço contínuo com decisões sensatas, com muito carinho e uma imensa vontade de querer acertar é possível conseguir manter o equilíbrio entre o “eu” e “relacionar-se”. É conhecendo-se que o casal cresce e fortalece os seus laços de amor. Compreende que uma crítica pode ser construtiva. Ele está dizendo isto porque me ama e quer me ver crescer, evoluir.

A quebra de confiança é uma das turbulências mais comuns na vida a dois. Quando um dos cônjuges sente a sua intimidade invadida, quando existe excesso de controle, falta de incentivo e de apoio, competição e inveja com o sucesso pessoal ou profissional, fica explícito que está faltando respeito na relação. No casamento deve sempre existir espaço para discordar e negociar. È fundamental deixar claro aquilo que se quer ou não dividir com o outro e sempre cumprir o que foi combinado. Só quem está disposto a conhecer a profundidade do mistério que é o outro, está apto a aceitá-lo como ele é, e, à partir daí ajudá-lo a se superar.

Ambos poderão se enriquecer mutuamente com as diferenças psicológicas próprias da natureza de cada um. Aquele que continuar alimentando a idéia de que durante o namoro o outro parecia não ter defeitos e, que depois do casamento parece ter todos, certamente, está esquecendo de olhar para si próprio.

É preciso agir com muita responsabilidade quando se opta por abandonar o barco. Olhar o outro não com olhos de pena, abandono ou então, posicionar-se como se a pessoa com quem conviveu anos, passa a ser um ser insignificante. Muitas vezes, humilhado, trocado por outro. O ex pode não suportar o baque e perder o rumo. Perder-se de si mesmo e cair nos vícios: jogos de azar ou da bebida. É um sofrimento imenso para todos os envolvidos.

Cada um escreve a sua história com o passar do tempo. Muitas delas são lindas e ricas. Merecem até serem contadas. Outras são tão tristes que tem gente que prefere arrancar algumas páginas da sua vida.

A cada amanhecer temos a oportunidade e o livre arbítrio de modificar o nosso destino. Para melhor ou para pior.

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