Quem nunca se sentiu magoado, ofendido ou ignorado pelos outros e, por isso, resolveu recolher-se dentro de si mesmo evitando as pessoas próximas?
Há quem diga que pessoas que se estressam e choram por qualquer coisa são frescas. Será? Aquele dia que você acorda pensando que terá um dia maravilhoso e, sem mais nem menos, fica pensativo, quieto e calado. Talvez, até ignore e desconfie dos prazeres da vida, embora lá no fundo queira participar e gozar as coisas boas, amar e ser amado. Algo errado? Não necessariamente. O ideal é procurar com afinco a causa do presente estado de espírito. Uma lembrança, uma mágoa profunda existente há muito tempo e que reaparece de uma forma mais dolorosa. Muitas vezes, algo que foi dito até sem a intenção de ferir, mas, acaba deixando marcas, principalmente, se estiver relacionado a sentimentos de inferioridade ou não aceitação do corpo físico ou à área sexual.
As mulheres sonham com homens interessantes, bem sucedidos, sensíveis, capazes de se emocionar e compartilhar gentilezas. Os rapazes querem garotas bonitas, delicadas e carinhosas. Se um homem ou uma garota não for sensível, não serve. Ninguém quer conviver com uma pessoa insensível. Mas, pessoas altamente sensíveis sofrem muito, sim. Algumas palavras bastam para que se sintam feridas. Elas estão mais sujeitas a diversos transtornos, dor de cabeça, irritabilidade, ansiedade, estresse, apatia e tristeza. O ideal é não fugir ou recolher-se. É preciso sair da concha, reconhecer a dor e a mágoa, conscientizar-se de sua vulnerabilidade e compartilhar esses sentimentos com o parceiro, um amigo, terapeuta, alguém de sua intimidade. Este procedimento requer muita coragem, especialmente se tiver de abordar o assunto com a pessoa que causou essa mágoa. O sucesso dessa atitude pode garantir não só a expectativa de ser melhor tratado no futuro, como também o capacitará a compreender um pouco mais sua vulnerabilidade e feridas psicológicas. O mais importante é não mergulhar na dor porque isso não tornará as coisas melhores. Existe a possibilidade de você descobrir que o comportamento da pessoa que o magoou não foi intencional e que a situação atual apenas reflete sua própria sensibilidade.
Maria Rita, médica, garante que hoje convive bem com o seu jeito de ser.“Minha sensibilidade me faz pensar antes de falar. Sei muito bem o que é se sentir mal por causa de palavras mal colocadas. Como sofro de alta sensibilidade processo as informações sensoriais de maneira mais profunda. E quando algum fato ou acontecimento inesperado ocorre, o meu sistema nervoso sensível é atingido de tal forma que todo o cuidado é pouco para não alterar o meu relacionamento com as pessoas e com o ambiente. É preciso ter muito controle para não perder as estribeiras”, desabafa. “Fui buscar ajuda. Hoje sei que não é neurose e que não há nada errado comigo. Sou mais emoção do que razão, e minha sensibilidade esta diretamente ligada à minha energia, à minha alma. Com o tempo aprendi a ser mais reflexiva, atenta e a desenvolver e aproveitar melhor os meus poderes natos, como a intuição”, exemplifica.
Anderson, 43 anos, publicitário, garante que para driblar a sua sensibilidade e as turbulências dos dias atuais faz uso do bom humor e da alegria. “Ficar de mau humor não acaba com o estresse e nem paga dívidas. Ainda bem que posso escolher: ficar chateado e amargurado quando ouço alguma crítica ou ouvir uma música agradável e pensar em coisas boas”.
E você, caro leitor: como tem lidado com a sua sensibilidade?