A rede é uma porta aberta para a infidelidade conjugal. A traição virtual corre solta e tornou-se um passatempo da moda com conduta socialmente aceita. Para muitas pessoas traição virtual é um conceito individual e, teclar com outras pessoas nem caracteriza traição. Para elas pode ser fetiche ou descontentamento com a relação atual.
Todos nós quando entramos num relacionamento queremos ser especiais e únicos. Nos interessamos por aquela pessoa porque inconscientemente ela tem algo que nos falta. Por isso, o casal precisa conversar e deixar claro o que é especial e as regras. O que é normal para um, pode não ser para o outro.
O que encanta o internauta é o anonimato. O mistério. A fantasia. As infinitas possibilidades de dar asas à imaginação. É possível criar um vínculo emocional com a pessoa mesmo que o encontro real nunca aconteça. Afinal, manter uma relação em segredo, trocar intimidades e fazer sexo virtual configura traição?
Muitos relacionamentos chegaram ao fim com a descoberta de perfis em sites de relacionamento ou quando o Messenger passou a estar bloqueado. A desconfiança mina a relação. Lentamente, a mágoa, as mentiras e o desgosto fazem com que a pessoa passe a se desinteressar pelo par amoroso. O mais curioso é que quem se envolve virtualmente com outras pessoas acredita que não está fazendo nada errado. Já os parceiros sentem-se traídos, mesmo que o contato físico não tenha ocorrido. Como confiar em alguém que divide o seu tempo, o seu afeto e a sua intimidade com outra pessoa? Até porque, raramente, alguém entra nos chats para dizer que está feliz com a pessoa amada. Em geral, ela se diz carente, que o par não a satisfaz sexualmente, que a vida a dois anda monótona e assim por diante…
Muitos internautas entram noite à dentro navegando nesse mar sem fronteiras. Outros chegam a perder a noção do tempo e chegam a ter no Messenger mais de 500 contatos. Os amigos, a família e conhecidos do mundo real são substituídos pelo mundo virtual. Passa a valer o que está escrito e toda a sedução que pode ser vista através de uma webcam. No anonimato de um nickname é possível extravasar a libido e até deixar um casamento de longa data naufragar. É que existe uma linha tênue entre o imaginário e o real. Um simples bate-papo pode acabar na cama e até na troca de cidade ou país.
Aline, 36 anos, produtora de moda, colocou fim ao casamento de nove anos, quando flagrou o marido nu, sem aliança, praticando sexo virtual com outra mulher. “Fiquei com nojo da cara dele”, diz. “Eu passei a desconfiar quando ele bloqueou a senha do Messenger. Era uma questão de tempo”. Hoje diz estar feliz ao lado de outra pessoa. “Neste novo relacionamento conversamos muito sobre o assunto e, inclusive, utilizamos a internet basicamente para assuntos de trabalho”.
João Carlos, 45 anos, bancário, passou por situação semelhante. Nos últimos tempos recebia telefonemas e emails falsos onde era chamado de corno virtual. Com a ajuda de um técnico em computação montou uma estratégia e acabou pegando a mulher e o amante na saída de um motel. “O comportamento dela andava diferente. O histórico do navegador estava sempre limpo. Ficou mais safada na cama e comprou lingerie nova dizendo que era para me agradar. Virava a tela do monitor enquanto eu assistia tv. Apareceu com uma webcam dizendo que ganhou de uma amiga – que confirmou a mentira. Em várias ocasiões ela sorria sozinha e sem motivo, com a cabeça nas nuvens. O técnico descobriu uma pasta com várias fotos, nua. Mesmo com tudo isso, nunca desconfiei da safada”, desabafa.
Neste mundo virtual onde um não sabe o que o outro está fazendo, quem esta diante da tela sente sua privacidade invadida. A tristeza invade o coração de quem jura que está sendo traído. Será que o amor consegue sobreviver a este mundo novo?