Em uma Turquia que no século XXI alcançou estabilidade econômica, sobreviveu à uma crise que afetou de maneira considerável a Europa com combate à inflação e um visível crescimento em infraestrutura, mas que também vivenciou um aumento de medidas autoritárias, despotismo, corrupção e interferência de radicais islâmicos no Estado, Recep Tayyip Erdogan é eleito presidente.
Erdogan que após mais de uma década como primeiro-ministro foi eleito no primeiro turno por maioria absoluta da população Presidente da Turquia. A eleição de Erdogan denota claramente uma escalada na concentração de poder nas mãos de um partido (AKP) controlado por um líder carismático e autoritário. Tudo isso é um bom indicativo de que não devemos nos surpreender caso venham a ser em breve adotadas medidas para manter Erdogan e seus aliados no poder por muitos e muitos anos.
A população turca deu uma demonstração das contradições democráticas do século XXI ao eleger democraticamente o mesmo político que foi acusado de autoritarismo ao restringir acesso à informação, principalmente via internet, de exonerar 350 policiais que prenderam filhos de 4 de seus Ministros por corrupção, de ser acusado de aumentar a influência do radicalismo islâmico na gerência do Estado, de indicar parentes para cargos públicos, de publicamente apoiar a perseguição à juízes, jornalistas e acadêmicos críticos e opositores ao seu governo; mas que também trouxe estabilidade política após décadas de sucessivos golpes militares, liderou a adesão turca à União Europeia combatendo a desvalorização da lira turca com pragmatismo econômico, diminuindo sensivelmente taxas de juros enquanto combatia uma das maiores crises econômicas a abater a Europa.
Dessa forma a opção dos turcos demonstra a contraditória percepção popular de liberdade e democracia, vez que ao balancear restrições à liberdade, crescimento econômico, corrupção e aumento do conservadorismo religioso, a população turca optou por eleger Erdogan presidente e manter o partido Justiça e Desenvolvimento (AKP) no poder.
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