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Posso não concordar e não estar satisfeito com os rumos da política Russa, mas também acredito que a soberania de um país é algo complexo e que cada povo tem o direito de se auto-determinar, e isso estes princípios devem ser tutelados e respeitados. As nossas opiniões, muitas vezes com base no que conhecemos através de um televisão de alta definição de 42 polegadas no conforto de nossas casas, devem considerar que a nossa reprovação e vontade de mudança do outro muitas vezes pode no mínimo ser arrogante, pois para cada milhar de manifestantes pode existir o mesmo número de apoiadores das políticas adotadas.

Encontro-me em um dilema, pois repudio políticas que segreguem quaisquer seres humanos devido à sua orientação sexual ou religiosa, mas também entendo que países soberanos devem ser respeitados pois liberdade imposta com base no conceito alheio de liberdade nem sempre é liberdade, e a liberdade conquistada por aqueles que vivem a opressão, e mais importante, que entendem aquilo como opressão, certamente é mais perene e pedagógica do que a simples imposição de valores externos, pois permite o surgimento de instituições fortes e maduras. Mas devemos ter calma, pois nessa área nada é tão imediato como a geração facebook e twitter está acostumada.

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Os protestos na Rússia, assim como os ocorridos no Brasil, ambos impulsionados por eventos esportivos que trouxeram com eles a atenção internacional, são legítimos e de grande impacto interno e externo, pois ajudam a desvelar as mazelas internas e objetivos políticos dos governantes que não transcenderiam as fronteiras se não fosse pela mobilização popular.

Pode ser, e eu pessoalmente torço para isso, que o gigante Russo também acorde e mude, e que a grande maioria que está nas ruas de Sochi hoje utilize os meios pacíficos legítimos e as instituições criadas e consolidadas pelos russos para conscientizar seus pares e alterar o panorama político atual, mas caso a mudança não seja imediata, não devemos nos frustar, pois faz parte do amadurecimento de um país questionar, debater e permitir mudanças paulatinas e não revoluções imediatas e, por vezes, violentas.

Como no nosso próprio desenvolvimento, por mais que a adolescência muitas vezes seja confusa e cheia de mudanças, é necessário passar por ela antes de alcançarmos o amadurecimento da idade adulta na busca por uma vida estável, plena e feliz. Permitamos à Rússia crescer e enfrentar os seus próprios demônios, por mais que seja feito aos olhares do mundo como em um BBB mundial, assim como certamente enfrentaremos em 2014 e 2016.

Sobre a política externa de Putin ver também: https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/conteudo.phtml?id=1430506&tit=Paises-ocidentais-condenam-repressao-as-manifestacoes-na-capital-ucraniana