É fácil saber quando o governo federal utiliza um discurso de forma retórica quanto à importância dispensada a alguns setores, basta analisar o orçamento anual para cada ministério, o que dará uma noção do nível de importância dado pelo governo federal em comparação com o discurso utilizado, muitas vezes vergonhosamente ilusório.
Embora exista uma imagem de que o Brasil tem buscado mais influência externa, participação em círculos importantes de cooperação e negociação internacional e consequentemente o aumento da participação brasileira no sistema internacional, o que certamente traria benefícios econômicos e políticos a um país que vive a beira de uma recessão sem precedentes, o orçamento federal mostra o contrário.
O Orçamento Federal para 2015, que determina os valores destinados a ministérios e secretarias para a sua subsistência e investimento em projetos, mostra que o Ministério das Relações Exteriores está sendo sucateado ao longo dos últimos anos, podendo-se afirmar que esta é a pior situação da Diplomacia Brasileira nos últimos 50 anos.
Sucateada, marginalizada, mas utilizada como instrumento de propaganda a despeito da situação de penúria das missões diplomáticas brasileiras ao redor do globo, a política externa brasileira claudica mas resiste graças aos representantes diplomáticos que não deixam de lutar diariamente para que o Brasil assuma uma posição de destaque no cenário internacional.
Para se ter uma ideia, considerando os dados do governo federal (http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/sof/PLOA2015/Anexo_II_PLOA_2015.pdf), para sustentar todas as missões diplomáticas no mundo, incluindo embaixadas, representações consulares, escritórios no Brasil e no Exterior, representações junto a organizações internacionais, o orçamento para 2015 destina para o MRE valores quase idênticos aos destinados para sustentar a Presidência da República, tendo um orçamento somente maior que os ainda mais marginalizados Ministérios do Turismo e da Pesca.
O Ministério da Cultura, por exemplo, tem um orçamento duas vezes maior que o das Relações Exteriores. A comparação torna-se ainda mais injusta se levarmos em consideração ministérios maiores como Educação, Saúde e Previdência, sendo que este último tem um orçamento 200 vezes maior que o das Relações Exteriores.
O Itamaraty, com uma função estratégica essencial para o nosso país em sua política externa e na negociação de políticas que visam o desenvolvimento do Brasil, tem sido marginalizado há anos pelo governo federal, resultando em seu sucateamento, mas continua sendo utilizado como material de propaganda governamental, sendo um exemplo de como o governo federal tem tratado a posição brasileira no sistema internacional.
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