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A aproximação entre países é algo necessário e corriqueiro no dia-a-dia da política internacional. O esforço do governo Dilma em aumentar a influência e a participação brasileira no cenário internacional é aparentemente louvável, entretanto devem ser consideradas as motivações ideológicas assim como os benefícios políticos dessas escolhas.

A aproximação entre Brasil a Cuba com o financiamento do porto de Mariel com recursos do BNDES e com o programa mais médicos é ideologicamente coerente. Economicamente, os milhões de dólares investidos no claudicante programa mais médicos e na construção do porto de Mariel geraram lucro para a empresa brasileira Odebrecht; um aumento nas exportações brasileiras, que alcançaram o montante insignificante em termos internacionais de US$ 450 milhões anuais, e; um estreitamento político entre os governos, o que consequentemente posicionou o Brasil como terceiro principal parceiro da ilha de Fidel, atrás somente dos também ideologicamente alinhados, China e Venezuela.

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Nesse mesma toada, a tentativa de aproximação com a Rússia, que cada vez mais se distancia do ocidente, mostra um alinhamento ideológico coerente, e talvez economicamente muito mais benéfico se comparado com as relações Brasil-Cuba, entretanto, deve-se considerar os impactos externos de uma grande aproximação com um país que notadamente optou por se afastar do ocidente, o que sistemicamente pode gerar dificuldades negociais e comerciais ao Brasil.

A assinatura de acordos de Cooperação Técnica entre Brasil e Rússia demonstra coerência e um relativo sucesso na busca por aproximação. Mas, embora o potencial mercado Russo, que pode chegar a mais de 10 bilhões de dólares anuais, o que evidencia ainda mais a insignificância do mercado cubano, seja enorme, não se pode marginalizar o significado político e negocial desta aproximação, vez que está claro que o governo de Putin optou por distanciar-se do ocidente, o que foi ainda mais evidenciado com a crise na Ucrânia. Certo é que este nível de aproximação leva a preferências, negociações em bloco e adoção de medidas harmonizadas, o que, consequentemente, gera um endurecimento no tom e nos benefícios dados por aqueles que não estão tão próximos e alinhados.

O governo brasileiro tem sido coerente em suas alianças, entretanto deve-se colocar na balança se esta opção tem sido estrategicamente a melhor devido ao seu significado político e às estratégias de negociações econômico-comerciais.