As notícias que temos da Venezuela não são animadoras, Nicolas Maduro continua claudicante, a crise de abastecimento piora a cada dia e a oposição mais uma vez abandonou a mesa de negociações com um governo que utiliza todos os artifícios disponíveis para não ter que ser obrigado a abandonar o socialismo do século XXI.
Infelizmente esta é uma situação que não muda há muito tempo, ou seja, tudo que temos sobre a Venezuela são notícias que poderiam ser reproduzidas de tempos em tempos. Não entendeu? Continue lendo.
Para uma melhor compreensão gostaria de reproduzir uma reportagem da Gazeta do Povo.
“Se nas concessionárias de carros de luxo e nas galerias de arte a falta de produtos é comemorada por conta do aumento do consumo, nos supermercados do país as prateleiras vazias desesperam empresários e consumidores. A Venezuela, segundo associações de comerciantes e produtores, vive uma das maiores crises de abastecimento de alimentos de sua história.
Três em cada quatro estabelecimentos há meses não têm leite para vender. Também faltam açúcar, carne, farinha de trigo, massas e derivados de leite, como a manteiga. Os principais motivos, segundo empresários, são o controle de preços de alguns produtos e a escassez no mercado internacional. Já para o governo, prateleiras vazias fazem parte de uma conspiração dos comerciantes.
Segundo a presidente da Câmara Venezuelana de Importadores, Fabricantes e Distribuidores de Produtos Lácteos, Tereza López, a crise de desabastecimento deve piorar ainda mais em 2008. “No caso do leite e derivados, o controle interno de preços desestimula a produção interna e ainda nos torna menos competitivos na hora de comprar o produto no mercado externo. Não conseguimos oferecer os mesmos preços que a China oferece e, por isso, ela compra quase todo o leite disponível no mercado internacional.”
No caso do açúcar, segundo o governo, o problema foram as chuvas que devastaram plantações do interior. Já a culpada pela falta de trigo é a alta dos preços no mercado internacional. Na Venezuela, leite, pães, carnes e outros produtos da cesta básica passam por um rigoroso controle de preços, e os estabelecimentos que aumentam os produtos irregularmente podem ser fechados pelo governo.”
Parece atual não? O grande problema é que esta matéria foi veiculada na Gazeta do Povo de 18 de novembro de 2007, como pode ser verificado no link abaixo. (https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/conteudo.phtml?id=714082&tit=Crise-de-abastecimento)
Esta é uma noticia antiga, mas muito atual, o que significa que sob o jugo do socialismo do século XXI pouco mudou!
Para contextualizar a notícia de 18 de novembro de 2007 é importante lembrar que em 02 novembro de 2007 a revolução bolivariana deu um de seus passos mais importantes, a aprovação pelo Parlamento por 161 votos a favor e 6 abstenções de uma ampla reforma constitucional que permitiu um estrangulamento legítimo do regime democrático venezuelano.
A mencionada reforma alterou 69 dos 350 artigos da Constituição da Venezuela, onde, dentre outras alterações, o socialismo foi definido como regime oficial de governo; a autonomia do Banco Central Venezuelano foi caçada; houve a criação da corporação bolivariana anti-imperialista e a militarização da guarda nacional; a alteração do mandato do presidente de seis para sete anos com direito a reeleições indefinidas, e; o direito do presidente decretar estado de exceção por tempo ilimitado, permitindo que qualquer pessoa seja presa sem que haja acusação formal, podendo também o governo impor a censura a meios de comunicação.
Naquele momento a oposição, formada em sua grande maioria pelo setor privado e pelo setor de comunicação não estatal que estava sendo estrangulado pelo regime chavista, tentou negociar mas não obteve êxito, vez que o Parlamento, àquela época, já era composto por maioria de partidários de Hugo Chavez. Encontrando estes obstáculos a oposição buscou, com os instrumentos que possuía, pressionar o governo para que este reconsiderasse a abrupta reforma democrática imposta pelos chavistas.
Esta semana, a principal notícia que tivemos da Venezuela foi a desistência da oposição em negociar com o governo de Maduro e o aprofundamento na crise de abastecimento, onde a escassez no país se aproxima de 30% para 19 produtos da cesta básica, especialmente sabonete, papel higiênico, açúcar, café, óleo de cozinha, leite, feijão, farinha e queijo, entre outros.
Esta queda de braço entre governo e oposição não tem muita previsão de acabar, vez que estamos tratando de um governo que se mantém legitimamente no poder devido a uma reforma constitucional imposta por um líder messiânico que não está mais aqui para responder por seus erros. E quem sofre é a população!
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink