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Uma conclusão nunca é algo simples — ainda mais quando ela precisa pôr um fim a algo que vem dando muito certo. É complicado e perigoso, principalmente quando falamos de um ícone como o Batman. Basta ver o quanto o último filme do herói dividiu opiniões. Por sorte, ainda existem exceções.

E Batman: Arkham Knight é uma delas. O game chega ao console com a difícil tarefa de terminar a história qiniciada pela Rocksteady em 2009, com Arkham Asylum, e não decepciona. Mesmo com a pressão de manter a qualidade dos jogos anteriores,  o estúdio mostra mais uma vez como fazer a melhor adaptação de HQs para os videogames.

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Aproveitando-se de várias referências das HQs, o jogo é uma bela homenagem ao personagem, aos seus fãs e a tudo aquilo que foi construído em torno da figura do Cavaleiro das Trevas ao longo desses 75 anos. E, para isso, o estúdio se concentrou no que o personagem tem de melhor: sua mitologia.

Ainda que tenhamos várias melhorias e novidades em sua mecânica, como o próprio Batmóvel, o verdadeiro destaque é o seu enredo. A história de vingança do Espantalho e sua tentativa de destruir Gotham com uma versão aprimorada de seu gás do medo se conecta muito bem àquilo que foi mostrado nos jogos anteriores e criando um belo senso de continuidade. Mais do que isso, sua narrativa cria um senso de urgência muito bem dosado e que envolve o jogador do começo ao fim.

Além disso, a Rocksteady mergulhou fundo no universo do herói para dar força ao seu roteiro. Isso era algo evidente nos games anteriores e que se revela ainda mais relevante por aqui. Além das várias referências a histórias clássicas do Batman, como “Morte em Família” e “Piada Mortal”, toda a essência de heróis e vilões é cuidadosamente recriada com base naquilo que conhecemos dos gibis e outras adaptações, mas com um bela dose de originalidade. Até mesmo a estreia do Cavaleiro de Gotham, criado especialmente para o título, tem ligações diretas com as HQs.

Tanto que não há sobras em termos de história. Da participação do Pinguim e do Duas-Caras em missões secundárias até o “retorno” do Coringa, nada está ali por acaso. Há um “ecossistema do crime” em Gotham que funciona tanto para a narrativa quanto para dar ritmo ao game, além de demonstrar o respeito da Rocksteady por aquela mitologia e o que cada personagem ali representa.

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Batman: Arkham Knight é inegavelmente um game de quadrinhos e, por isso, traz todos os exageros e clichês das HQs. E é exatamente por aceitar essa origem e suas características que alguns elementos um pouco mais rasos acabam funcionando, como o roteiro simples e a obviedade de algumas soluções. A própria identidade do Cavaleiro de Arkham é algo fácil de ser descoberto e nem por isso a história perde sua força.

Já em termos de jogabilidade, a coisa muda um pouco de figura. Ainda que você perceba uma evolução significativa na mecânica — como o Dual Play, o qual permite que você controle também o Robin, o Asa Noturna e a Mulher-Gato em determinados momentos —,o estúdio perde a mão em outros aspectos. Há uma quantidade exagerada e desnecessária de desafios do Charada e o próprio Batmóvel tem seus problemas, o que acaba afastando um pouco o jogador daquele mundo tão imersivo. Controlar o veículo não é tão fácil e isso vira uma dor de cabeça em muitos momentos.

Além disso, Batman: Arkham Knight deixa completamente de lado a ação mais sorrateira tão presente em Arkham Asylum e se assume completamente como um game de ação, focando principalmente na pancadaria e nos longos combos. Essa mudança de tom vem se desenhando desde Arkham City e aqui  a gente percebe o quanto tudo está diferente.

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Não é algo ruim, mas esse estilo mais porradeiro deixa as coisas muito mais fáceis e você quase não encontra dificuldade para lidar com um grupo maior de criminosos. Isso tira um pouco do charme de antes, em que se esconder e fazer seus inimigos sentirem medo era o grande diferencial de jogabilidade — mas nada comprometedor.

Por fim, temos uma das melhores localizações de jogos para o português. Depois de pisar feio na bola com Mortal Kombat X, a Warner Brasil se redime e traz uma ótima adaptação para o nosso idioma. São os mesmos dubladores dos filmes e desenhos emprestando suas vozes mais uma vez àqueles personagens, fazendo com que tudo soe bem familiar.

Batman: Arkham Knight passa longe de ser um game perfeito, mas é competente em tudo aquilo em que se propõe e fecha muito bem a trilogia da Rocksteady. Ainda que ele derrape em aspectos de jogabilidade e deixe de lado alguns pontos interessantes de seus antecessores, o resultado final ainda é muito satisfatório.

Como uma grande homenagem aos fãs e ao próprio personagem, o jogo pega tudo aquilo que define o herói e utiliza para criar uma trama que envolve do começo ao fim, mesmo com todos os seus poréns. É uma verdadeira história em quadrinhos e não há nenhum problema quanto a isso.

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É a conclusão que a gente merece — e precisa. Uma ode à mitologia do Homem-Morcego.