A Venezuela está vivendo um capítulo importante da história do bolivarianismo-chavista e possivelmente um dos últimos. Recentemente o país cortou em cinco zeros a sua moeda, chamada de Bolívar Forte, e além disso fez uma maxi-desvalorização de 95% do valor da moeda e aumento o salário mínimo em 3.500%. Com todo esse aumento, o salário mínimo não vai chegar a R$ 100 por mês. Com uma inflação que o FMI estima que vai ultrapassar o 1.000.000% este ano, fica fácil entender porque os venezuelanos estão tentando fugir desesperadamente e os conflitos nas fronteiras com os países vizinhos, como é o caso do que está acontecendo em Roraima, no Brasil. Para entender o por quê chegamos a esse ponto, é bom saber que o petróleo representa um quarto da economia da Venezuela, metade das receitas do governo e que a estatal venezuelana de petróleo, a PDVSA, controla praticamente todo o setor. O governo faz o que: mantém um subsídio gigantesco no preço da gasolina, com tabelamento. O preço da gasolina na Venezuela é de um centavo, o que gera um problema gravíssimo, porque a gente tem contrabando de gasolina. Quem paga essa conta? A PDVSA, estatal de petróleo. Além disso, recursos da empresa são usados para financiar outros programas de governo. Resultado: A empresa ficou sem capacidade de investimento e a produção de petróleo caiu a 40% do que era há 10 anos. O resultado é que as receitas do governo despencam, a economia da Venezuela afunda e há uma crise gravíssima. Solução? Mais impostos, e além disso, o governo aumenta o preço da gasolina. E é aí que os paralelos com a ascensão de Hugo Chávez ficam interessantes.
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