No Brasil, em média, um servidor público ganha quatro vezes mais do que um trabalhador doméstico, 2,6 vezes mais do que um trabalhador que não tem carteira assinada, 2,2 vezes mais do que um pessoa que trabalha por conta-própria e 65% a mais do que um alguém com carteira assinada. Lembrando que são os impostos pagos por todos eles que mantêm todo o setor público brasileiro e pagam esses salários. Quando se diz isso, a primeira reação é afirmar que estão sendo comparadas laranjas com bananas, porque a qualificação pode ser muito diferente. Essa é uma crítica válida. Mas aí o Banco Mundial fez um estudo que comparava o salário de servidores públicos com o de trabalhadores da iniciativa privada com qualificações iguais, exercendo a mesma função e com o mesmo tempo de experiência. A conclusão foi de que, em média, um trabalhador público da União ganha em média 65% mais do que um trabalhador equivalente na iniciativa privada, isso sem contar a diferença de benefícios, como aposentadoria e férias, e sem contar os benefícios mais grotescos que alguns recebem. A grande questão é que houve uma inversão de valores no Brasil. Servir ao público é o conceito atrás de servidor público — e é uma das coisas mais nobres que existe. Mas há um grupo muito grande que inverteu a lógica e acha que servir-se do público é um direito, uma vez feito um concurso. Isso é uma mentalidade que precisa mudar.