Com as pessoas vivendo cada vez mais e o número de filhos por família sendo cada vez menor, o que a gente acaba tendo é menos gente em idade de trabalho e mais gente aposentada. O resultado é que o buraco da nossa Previdência não para de crescer, tanto no INSS quanto no setor público. No ano passado, para cada R$ 1 arrecadado na previdência do INSS foram gastos R$ 1,49. No caso da previdência do setor público, para cada R$ 1 arrecadado foram gastos R$ 3,38. De onde sai esse dinheiro que falta? E estamos falando apenas da União — e de quase R$ 300 bilhões. Todo imposto quando é criado tem uma destinação específica: se cobra um imposto para financiar determinado gasto. Aí,foi criada no Brasil uma situação para dar mais maleabilidade ao orçamento, chamada DRU. Ela permite que o governo pegue parte do que foi arrecadado para um fim e gaste com outra coisa. Na prática, temos R$ 300 bilhões de recursos que deveriam ir para educação, saúde, segurança, saneamento, infraestrutura e outros gastos absolutamente prioritários e eles complementam a parte dos benefícios da Previdência cuja arrecadação não consegue pagar. Temos de nos fazer duas perguntas. Faz sentido sacrificar tanta coisa para que a gente receba benefícios previdenciários maiores? É justo que um grupo específico, os funcionários públicos, recebam um adicional de complementação da aposentadoria tão mais alto que o dos demais trabalhadores? Fica a reflexão do por que tratamos brasileiros de forma diferente. Nós temos de ter uma única regra de previdência para todos — contribuições iguais e benefícios iguais, porque somos todos iguais. Essa é a primeira reforma que, ganhe quem ganhar a eleição, vai ter de fazer.