Roberto Requião (PT) é um político que vive do conflito. Como se viu na série de sabatinas feita pela Gazeta do Povo com candidatos ao governo do Paraná, para a qual foi o primeiro entrevistado, Requião, como de costume, subiu o tom quando confrontado com perguntas difíceis, perdeu a calma, tentou desqualificar o interlocutor, partiu para o ataque. Quem conhece Requião que o compre, quando se diz inspirado pelo Papa Francisco. Logo ele, “amigo pessoal” do falecido ditador Hugo Chávez.
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Requião detesta ser confrontado com dados que deponham contra seus governos ou que apontem inconsistências na sua trajetória. Se os números mostram algo negativo, errados estão os números, nunca ele. Bom cristão que diz ser, é incapaz de admitir que tenha cometido falhas em governos anteriores. “Evoluí”, diz. Se assim foi, certamente não na qualidade da temperança.
O alvo preferido de Requião na sabatina à Gazeta foram três: a TV Globo, que, segundo ele, teria ignorado sua presença no comício que fez com Lula em Curitiba no último sábado (24); o procurador-geral do estado, Gilberto Giacoia, que estaria ignorando denúncias e malfeitos do atual governo; e Ratinho. Não necessariamente Ratinho Junior (PSD), governador do estado e candidato a reeleição, mas sim o apresentador de TV Ratinho, pai do governador. O “Rrrrratão”. Por quê? Porque estaria recebendo dinheiro do governo do estado, porque estaria prestes a comprar o SBT, porque fofocas dizem que teria vendido seu mandato de deputado federal (palavras de Requião).
A metralhadora verbal do ex-governador é tal que é difícil ouvir algo positivo que tenha a dizer sobre alguém. Exceto se esse alguém for Lula. Autodeclarado cabo eleitoral do candidato a presidente, Requião gastou boa parte de seu tempo falando em favor de Lula, citando dados da sua biografia e classificando-o como “única solução” para o Brasil. Apesar de colocar um limite nessa relação de amizade/admiração: “Se o lulismo é uma religião, não sou convicto”. Praticante ou não desta seita, está claro que Requião ganha muito ao abrir seu palanque ao candidato a presidente.
Perguntado se nomearia mais uma vez parentes a cargos públicos, reagiu com a agressividade costumeira. Chegou a cometer a indelicadeza de dizer “perguntem ao Jaime Lerner” (morto em maio de 2021) se sua esposa, Maristela Requião, não foi a melhor presidente que o Museu Oscar Niemeyer já teve. Depois completou dizendo que Lerner já era falecido e não poderia responder. E que, “poucos sabem”, ele e Lerner tinham uma relação de amizade, apesar de serem adversários políticos. Adoraria saber o que as filhas de Lerner têm a dizer sobre isso...
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Aliás, estranha noção de amizade a de Requião. Enquanto escolheu o apresentador Ratinho como alvo, disse também ser seu amigo. Com amigos como esse, quem precisa de inimigos, eu me pergunto (estendo a pergunta a outros de seus correligionários do “MDB velho de guerra” que o defenestraram do partido que fundou e não o seguiram na filiação ao PT).
Quanto à Globo, Requião recupera uma velha cantilena da esquerda contra a “vênus platinada”. Tenta levantar suspeitas sobre “o real interesse” da TV em não citá-lo em reportagem sobre a passagem de Lula por Curitiba. A resposta é simples e tenho certeza de que Requião a conhece: a cobertura nacional da TV foca na agenda dos candidatos a presidente, não na dos candidatos ao governo, cobertos pelas emissoras locais.
Aos 81 anos e prometendo viver pelo menos até os 110, o engenhoso fidalgo Roberto Requião parece fazer questão de enxergar gigantes no lugar de moinhos de vento. A identidade do mago Friston varia conforme a ocasião.
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