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Ricardo Sabbag

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Política partidária e eleições no Paraná.

Sabatina

Gomyde é mais um exemplo de como a moderação está fora de moda

Ricardo Gomyde (PDT), candidato ao governo do Paraná, durante sabatina da Gazeta do Povo. (Foto: Marcelo Andrade/Especial para a Gazeta do Povo)

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Antes de mais nada, vamos passar a história a limpo: Ricardo Gomyde (PDT) foi durante anos um político do PCdoB. Surgiu como liderança estudantil nos anos Collor, foi eleito deputado federal muito jovem, fez oposição ao governo de Fernando Henrique Cardoso, tornou-se figurinha carimbada de eleições em Curitiba e no Paraná durante anos, sempre ostentando o símbolo da foice e do martelo.

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Hoje, a biografia de Gomyde é mais condizente com a de um burocrata do sistema partidário do que de uma estrela do socialismo à brasileira. O grosso de sua carreira Gomyde passou em cargos por nomeação de lideranças mais altivas, como o ex-ministro Aldo Rebelo – outro oriundo do PCdoB que encontrou guarida no PDT – e de seu hoje adversário Roberto Requião (PT), de quem foi secretário durante dois governos.

Nem sequer quando disputou a presidência da combalida Federação Paranaense de Futebol conseguiu ser eleito. Foi derrotado por Hélio Cury, que detém o controle da FPF há mais ou menos 250 anos.

O tempo passou e Gomyde amadureceu. Ou “evoluiu”, como diz Requião sobre si mesmo. Deixou o PCdoB, passou pelo PSB e hoje é candidato ao governo pelo PDT. Em suma, saiu da ponta esquerda e se centralizou. Na sabatina promovida pela Gazeta do Povo com candidatos ao governo do Paraná, disse mais de uma vez que “não é contra privatização” e deixou subentendido que abandonou bandeiras caras à militância do PCdoB.

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Apesar do passado no socialismo, Gomyde hoje é um candidato moderado. De centro-esquerda, sim (lá estão os acenos devidos aos diversos extratos progressistas), mas do tipo que não quer ficar mal com nenhum lado. Trata os adversários com cordialidade, não se manifesta radicalmente contra nenhuma ação do governo, propõe diálogo com quem quer que seja o presidente eleito. Mesmo a ideias que soam bem contrárias à cartilha progressista, como o modelo dos colégios cívico-militares, diz que não se opõe à iniciativa, apenas que não seria uma prioridade sua.

O que pesa contra esse posicionamento de Gomyde é que a moderação está fora de moda. Sem conseguir erguer uma bandeira clara, não atrai paixões de um ou outro lado. Nem mesmo a correligionários que parecem flertar com seus adversários, como caso do deputado estadual Goura (PDT), que posou para foto entre Lula e Requião na recente passagem daquele por Curitiba, Gomyde reserva golpes mais duros. Diz que Goura é um aliado leal e importante liderança do PDT no estado.

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Curiosamente, uma das críticas um pouco mais incisivas de Gomyde na sabatina da Gazeta foi contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Ao comentar a questão do piso salarial da enfermagem, disse que o STF não pode atuar como “revisor” do Congresso Nacional. OK, não é uma declaração dura o suficiente para atrair a vigilância do ministro Alexandre de Moraes. Mas é mais posicionada do que as de outros candidatos, como o ex-juiz Sergio Moro, de quem se esperava uma posição mais firme nesse sentido.

Na reta final da campanha, Gomyde pode conseguir arregimentar alguns eleitores ainda indecisos e uma parcela dos que não cedem à polarização. Mas difícil que consiga arrancar votos de seus adversários mais conhecidos. Não pela inconsistência de suas ideias e propostas, mas porque – para usar uma metáfora do futebol, já que o ex-deputado é ligado aos esportes – é um jogador que vinha encostado no banco e entrou em campo muito perto do fim do jogo.

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