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O governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) foi o quarto e último candidato ao governo do estado sabatinado pela Gazeta do Povo. A sabatina aconteceu nesta quarta (28), dia seguinte ao debate com candidatos ao governo promovido pela RPC TV, em que Ratinho não compareceu, deixando o palco aberto para seus principais oponentes: Roberto Requião (PT), Ricardo Gomyde (PDT) e Professora Angela (PSOL), os outros candidatos de partidos com representatividade no Congresso Nacional, o que corresponde à norma da lei eleitoral para promoção de debates eleitorais na televisão. Também foram os quatro sabatinados pela Gazeta.
À Gazeta, o candidato à reeleição disse que não foi ao debate porque tem “o direito de participar daquilo que entende que é justo”. “Participar de um debate em que você sabe que os oponentes já se combinaram os ataques, combinaram de fazer uma conspiração contra sua candidatura, não é justo para mim e não é justo para o eleitor”, afirmou.
O governador não fugiu de nenhuma pergunta feita pelos jornalistas. A começar justamente pela indagação sobre a não participação em debates. Também respondeu sobre infraestrutura, pedágio, saúde, educação, segurança, funcionalismo, tarifas de água e energia, política. Todos os temas relevantes levantados na campanha eleitoral.
Na sabatina, Ratinho demonstrou estar com respostas na ponta da língua para quase todos os assuntos abordados. Revelou algum incômodo quando questionado sobre a aplicação do reajuste máximo da tarifa de energia. “Vai ser revisto para quê?”, retrucou, argumentando que a realização de dividendos beneficia o caixa do estado, o que acabaria resultando em mais obras e melhores serviços públicos.
Também soube defender ações do seu governo, como no caso do modelo do novo pedágio, construído conjuntamente pelo estado – com participação da Assembleia Legislativa e entidades da sociedade civil – e governo federal, de menor tarifa. O modelo, quando da aprovação, foi considerado uma vitória conjunta da sociedade paranaense, já que a proposta original da União era outra. Os candidatos opositores de Ratinho Junior, porém, falam todos em abandonar este modelo e propor outro, seja de tarifa limitada, seja “público”. Ideias que, por mais ou menos absurdas que sejam, precisariam da anuência do governo federal e da volta do projeto à estaca zero.
A participação ou ausência de candidatos nos debates promovidos por veículos de imprensa foi um dos principais temas de discussão desta campanha eleitoral, seja no Paraná, seja no Brasil. Comentei aqui sobre os motivos da ausência de Alvaro Dias no debate com candidatos ao Senado promovido pela Gazeta. Mas a reflexão vale também para outras. Debates não têm interessado a candidatos que já são muitos conhecidos pelo eleitor ou que arriscam mais perder do que ganhar.
A principal diferença entre os modelos da sabatina e do debate é que entre os candidatos e os jornalistas prevalece habitualmente um clima de cordialidade – tirando as exceções de praxe –, mesmo quando são feitas perguntas duras ou dadas respostas à altura. Em tese, os jornalistas não devem se preocupar com a reação do público em relação à sua própria imagem, se a pergunta agrada ou desagrada. O compromisso do jornalista deve ser com o interesse público em primeiro lugar e com o interesse do público específico do veículo que representa. Se é sempre assim que uma parte dos jornalistas se comporta hoje, é outra história.
Já os enfrentamentos entre os candidatos podem render momentos de maior destempero ou, o que é comum, troca de acusações. Há quem veja graça em barracos, há quem veja mero embate entre modos de pensar e estilos. Tem para todos os gostos. Num debate de alto nível, o que deveria ser confrontado são apenas as ideias, as propostas, as opiniões, as ações tomadas. Mas debate eleitoral não seleciona debatedor por nível intelectual e sim por representação do partido no Congresso Nacional.