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Roberto Indech

Roberto Indech

A era do “cancelamento” chegou aos investimentos

(Foto: Pixabay)

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Vivemos na era do “cancelamento”. E nem no mundo dos investimentos estamos alheios a este novo “adjetivo” imputado especialmente nas redes sociais.

Nas últimas semanas ou até meses, os chamados day traders têm sofrido nesta nova era do julgamento com base nas fake news ou daqueles aproveitadores que mostram ganhos robustos sem qualquer responsabilidade. Fotos em jatinhos ou carros importados, além de uma vida de milionário são postadas quase que diariamente nas redes. Infelizmente, o lado educacional, da importância do gerenciamento de risco, da necessidade de começar pequeno, por meio de simuladores, são deixados de lado, bem como outras características necessárias para se ter sucesso neste business em específico. Afinal, vender um produto com base apenas no prazer final dos consumidores é muito mais fácil.

Outro investimento que vem sendo “cancelado” são os ativos de renda fixa. Incrível como a falta de estudo ou embasamento tornam o julgamento raso sobre as oportunidades que o mercado financeiro oferece aos investidores. As pessoas inclusive esquecem a importância de análise dos perfis necessários para cada aplicação, como no caso do mais conservador que encontra nessa modalidade seu porto seguro e boas alternativas para rentabilizar seu dinheiro.

Com a taxa de juros, a Selic em 2% ao ano, as redes sociais apontam para o fim destas aplicações neste momento. No entanto se esquecem da sua importância para a criação necessária da reserva de emergência ou até da sua importância na diversificação de uma carteira de investimentos como um todo, quesito fundamental para quem investe.

Fica evidente que boas oportunidades estão às vistas de qualquer um. Por que o pequeno investidor não pode gostar dos tradicionais CDBs prefixados de bancos médios e pequenos a taxas próximas de 10% ao ano e ainda com garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos)? Ou quem sabe das aplicações de crédito privado como os Certificados de recebíveis imobiliários (CRI) ou do agronegócio (CRA), cujas taxas de retorno podem estar em torno de 4% ao ano somada a inflação no período, o que protege os investidores da alta da inflação no país? Eis aqui apenas algumas indicações de aplicações em renda fixa que são vantajosas ao investidor.

Se continuarmos essa lista podemos expandi-la para outros ativos. Muitos poderão dizer que aplicações como COE (Certificado de Operações Estruturadas) não são indicadas. Oras, quem o critica sabe do perfil e objetivos de todos os investidores no país generalizando um produto por completo?

Sou contra esse radicalismo até mesmo no mundo dos investimentos. Particularmente acredito naquele velho ditado onde “toda panela tem sua tampa”. Ou seja, há boas oportunidades em todas as opções de investimento e com o COE não é diferente.

Seja no day trade, nos ativos em renda fixa, nos COEs, em fundos imobiliários (FIIs) ou qualquer outra aplicação, acredito que é necessário respeitar o perfil, as opiniões e os objetivos alheios e não apenas simplesmente generalizar e “cancelar” determinado investimento. Recém-liberados para todos pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os BDRs também enfrentaram uma grande campanha de “cancelamento”, mas que no fim foi apenas uma nuvem passageira dadas as verdades e perspectivas trazidas à tona.

Mais recentemente também temos visto os IPOs de empresas de tecnologia. Empresas como Meliuz, Mosaico, Enjoei e Neogrid tiveram retornos estupendos em suas aberturas de capital. Ao invés de parte dos investidores olhar como um novo setor iniciando na bolsa e visualizar o crescimento de um segmento – antes inexpressivo no mercado de ações brasileiro –, as críticas são ferrenhas de quem compra determinados ativos justificando que os preços não são compatíveis com a realidade.

Na minha visão, acredito que só tempo dirá se de fato as empresas estão caras, e para isso será necessário um período de maturação e consolidação delas após entrada no mercado de capitais. Acredito que simplesmente “cancelar” algo, sem se aprofundar em conhecimento a respeito, não deveria ser considerado mérito algum. Na minha visão falta muito mais respeito, informação e educação financeira do que opinião embasada de fato, até mesmo no mundo dos investimentos.

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