O país continua sofrendo com o cenário político incerto e esse panorama deve prosseguir até a definição de um novo presidente, que tende a se revelar apenas no segundo turno do pleito (última semana de outubro). Até lá, a expectativa é de muitas oscilações no mercado, impactando diretamente nas perspectivas para as taxas de juros do Brasil, câmbio e bolsa de valores, e trazendo reflexos na economia. Neste contexto, tenho recebido muitos questionamentos sobre quais as melhores opções para aplicar o dinheiro em um mercado tão complexo.
A dica é apostar nos prefixados, algo que não costumo recomendar com certa frequência salvo em momentos de boa oportunidade e que, provavelmente, você até deve estranhar quando ocorre. O motivo é simples: rentabilidade acima do padrão em investimentos considerando o prazo de 2 anos, o que, para o atual momento é, sim, uma boa ocasião.
LEIA TAMBÉM: Beatriz Cutait: “Grupo de apoio aos pessimistas anônimos”
Para quem ainda está desconfiado, vou provar com números, começando com o Tesouro Direto prefixado. Hoje, um título dessa modalidade oferece uma taxa de cerca de 9,7% ao ano para resgate num prazo de 2,4 anos (janeiro de 2018). Sendo assim, se investirmos R$ 10 mil, o retorno, no fim do período, será de quase R$ 12.400, ou seja, rendimento bruto de 24% (muito maior que a média), enquanto a taxa básica de juros está em 6,5% ao ano e a inflação medida pelo IPCA com perspectivas de encerrar 2018 em 4,3%.
Há ainda uma segunda e melhor opção. São os CDBs de renda fixa. Em uma simulação rápida em nosso portal, há investimentos com prazo de 2 anos e rendimento prefixado de mais de 11% ao ano. Neste caso, há ainda uma outra grande vantagem. A alíquota de IR cai para o menor índice (15%) e recai somente sobre o rendimento da aplicação.
Só para materializar o potencial do CDB prefixado neste momento, ele pode render até 23% em dois anos, muito acima do pós-fixados, ou seja, aqueles indexados à Selic no mesmo período. Considerando a taxa atual e o tempo de aplicação, o retorno neste caso seria de aproximadamente 15%.
Perceba que estamos falando de investimentos com rendimentos próximos de 24% em dois anos. Levando em consideração que a inflação hoje é de 4,2% nos últimos 12 meses, com expectativa de manutenção deste patamar em 2019, quem puder esperar sem dúvida vale a pena.
LEIA TAMBÉM: Ricardo Amorim: Como as eleições influenciam juros, câmbio e as perspectivas de crescimento do Brasil
Alguém pode perguntar: dois anos não é um período muito longo para um país com tantas incertezas e mudanças repentinas? Sim, de fato não tem como negar que há o risco de a taxa de juros subir muito no período previsto. Porém, parece pouco provável que ela atinja os dois dígitos no mesmo período mesmo pensando no que a maioria dos candidatos propõe.
É muito importante entender que a recomendação é válida para investimentos de resgate em 2 anos. Acima desse prazo, somente se as taxas oferecidas forem muito, mas muito vantajosas mesmo.
Isso porque, assim como a economia brasileira está oscilando diariamente por conta das eleições, as taxas e rendimentos dos diferentes tipos de investimentos também sofrem variações. Um prazo muito maior aumentaria bastante o seu risco.
Fato é que, indiferente do momento, sempre há boas opções para investir. Se você tem um dinheiro para aplicar e pode esperar dois anos, agora é a hora dos prefixados.