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Com a crise global decorrente do novo coronavírus e a consequente queda de valor das ações no mercado, nunca ficou tão claro – especialmente aos mais novos – a importância da diversificação da carteira de investimentos. Independentemente desta ser de R$ 1 mil ou R$ 1 milhão ou até mais, é necessário fazer essa ponderação de acordo com seu respectivo perfil e objetivos.
Neste momento, o que assistimos é que muitos investidores recém-chegados ao mercado de renda variável optaram apenas pela possibilidade dos ganhos elevados que são possíveis ao alocar seus recursos em ações. Entretanto, estes acabaram esquecendo de fazer gestão de risco ou até mesmo um princípio básico e dever de todos: ter conhecimento sobre aquilo que está sendo realizado com o próprio dinheiro.
Pelos dados da B3 divulgados ao final de março, o número de CPFs ativos cadastrados chegou a cerca de 2,4 milhões, um crescimento de quase 100% sobre 12 meses atrás. Por outro lado, com a queda do Ibovespa desde o início da crise, considerando o pós-carnaval, ficou evidente que muitos queriam apenas o “ganho fácil” se pautando nos ótimos anos de 2016 a 2019 na bolsa nacional. Alguns, inclusive, compraram ações apenas por sugestões de conhecidos.
E o que quero dizer com isso? Basicamente que nem todos, ou diria até a minoria, compra com o necessário conhecimento um investimento que possui riscos. Por exemplo: na crise, com o desemprego sendo elevado, alguns investidores precisarão utilizar seus respectivos recursos de emergência, mas que estavam alocados em ações que se desvalorizaram nas últimas semanas. E quando falamos na importância da reserva de emergência, esta tem que estar alocada em algo conservador e que tenha liquidez imediata ou de curtíssimo prazo, independente do momento da taxa de juros.
Com a Selic em 3,75% e possibilidade de seguir recuando nas próximas semanas ou até meses, pequenos investidores, em sua maioria, viram a possibilidade de enriquecer rapidamente dando atenção ao passado, mas como se sabe e repetindo aquele velho disclaimer, rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura.
Para alguns isso parece ser óbvio, mas não para grande parte da população que adere ao mercado de renda variável. Num momento como este que atravessamos, é necessário caminhar para o lado correto e aprender a lição com os erros do passado. Portanto, reserva de emergência deve ser como o próprio nome diz, reserva de emergência. E para isso, aplicar em títulos do Tesouro Selic ou em CDBs de bancos médios e pequenos nas plataformas digitais de investimento se valendo do valor garantido pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), de R$250 mil.
Além disso, outro aspecto relevante é a busca por informações sobre fundos de investimentos. É verdade que muitos gestores “apanharam” durante a crise, mas a experiência do dia a dia de anos estudando o mercado pode fazer uma diferença e tanto no longo prazo se comparado a compra de ações livre por alguém que desconhece a fundo o mercado. Para quem não tem tempo e nem quer ter grande conhecimento sobre esta modalidade de investimento, o melhor a fazer é dedicar seus recursos a um gestor a escutar sugestões de colegas.
Voltando para o tema diversificação em uma carteira de investimentos, objetivamente, alocar por um percentual que esteja de acordo com seu perfil é extremamente importante. Por exemplo, para um investidor conservador é possível ter ações em carteira, desde que seja um montante que não vá lhe trazer grandes riscos, como 5% até 10%. Já para um perfil moderado esse número pode crescer. Para quem é agressivo, não é errado ter 50% em uma carteira de ações, mas que seja diversificada por segmento e entre ativos mais agressivos e defensivos.
Por fim, quero concluir que, com uma taxa Selic no menor patamar da história e perspectivas que possa ir a 3% ao ano ou até abaixo disso, deverá ser levado em consideração a partir de agora o custo de oportunidade de estar com percentual maior em ativos conservadores ou ir para economia real ou ainda, aplicar no mercado de ações. Mesmo com o risco atual e o cenário indefinido pela frente, a segunda e terceira opções podem ser mais vantajosas pensando a médio e longo prazos. Por outro lado, volto ao tema necessidade de conhecimento para que de fato o retorno seja satisfatório nos prazos colocados.
Enfim, independentemente de momento, conhecimento e diversificação no portfólio de investimento deverão ser levados quase que de uma “amarrada” à vida de todo investidor.
Roberto Indech é estrategista-chefe da Clear Corretora.