O tempo voa e hoje já iniciamos o segundo semestre do ano. Nestes últimos seis meses convivemos com notícias que movimentaram os mercados, passando desde a ascensão de Jair Bolsonaro ao cargo de presidente da República até o convívio com a “nova política” no país. No exterior, o presidente norte americano Donald Trump seguiu como o foco, seja pelo tema guerra comercial ou pelos tuítes que atingiram até membros do Banco Central dos EUA. Diante de tantas novidades e a expectativa pela Reforma da Previdência, podemos afirmar: investir em ações no primeiro semestre de 2019 foi a melhor opção dentro do segmento de aplicações financeiras.
O Ibovespa, principal índice da bolsa nacional, subiu 14,9% após quatro dos seis meses encerrados com parâmetros positivos, com destaque para os meses de janeiro e junho, quando o mercado subiu 10,8% e 4,1%, respectivamente. Importante ressaltar que Ibovespa atingiu os 100 mil pontos pela primeira vez em sua história, iniciada em 1968. A maior alta dos 60 ativos que compõem o índice ficou com as ações da Cia Siderúrgica Nacional (CSN), com 98,3% no período.
Nos EUA, os índices acionários como Dow Jones – que possui 30 das principais empresas do país – apresentaram sua melhor performance para o mês de junho desde 1938, enquanto o S&P500 – que é composto pelas 500 principais companhias – teve o melhor primeiro semestre desde 1997. Para corroborar esse sentimento positivo nos mercados internacionais, podemos adicionar as principais commodities, como o petróleo e o minério de ferro, com altas superiores a 30% e 60% no ano, respectivamente.
Mas essa relação entre os países e as commodities tem alguma importância para nós? Sem dúvida que sim, dada a importância dos EUA no cenário econômico global e o impacto que os preços dessas commodities adicionam nas expectativas. Por outro lado, é importante salientar que passamos por um momento particular interessante, com um novo governo que visa ajustar as suas contas, o que traz perspectivas positivas para os próximos períodos.
Segundo investimento: fundos imobiliários
Na segunda posição do ranking dos melhores investimentos do ano até agora ficou o IFIX, índice de referência dos fundos imobiliários, com alta de 11,7%. Interessante notar que este tem forte correlação inversa com as perspectivas para a taxa de juros no país, ou seja, com a possibilidade da Selic recuar para 5,5% até o fim de 2019, muitos FIIs (como são chamados) apresentaram boas performances. Podemos afirmar que não tivemos poucos destaques que chamaram a atenção no período, mas ativos que compõem o segmento de lajes corporativas conseguiram emplacar alguns dos melhores retornos do segmento.
No mercado cambial, o dólar recua 6% desde o início do ano, após cair mais 1% em junho. Com as perspectivas de corte da Taxa Selic e aprovação da Reforma da Previdência, é possível visualizarmos uma queda mais significativa ao longo dos próximos meses com as empresas acessando o mercado por meio de aberturas de capital ou via emissão de dívidas, o que deve ser convidativo para a entrada de capital estrangeiro. Além disso, o movimento de privatizações pode acelerar esse processo.
Entretanto, o risco político no Brasil e novas indefinições na guerra comercial entre EUA e demais países, além de dúvidas sobre as perspectivas da taxa de juros norte americana, podem enfraquecer este movimento ou até mesmo fazer com que o dólar se aprecie em relação a outras moedas mundiais. O Brasil não estaria 100% imune a isso.
Sem ânimo na renda fixa
Já na renda fixa, não podemos nos animar tanto. Após um primeiro semestre “fraco”, com retornos para investimentos indexados à Selic de 3,1%, com média de rentabilidade de 0,5% ao mês, deveremos ver esse número enfraquecer ainda mais ao passo que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidir por cortar os juros nas reuniões que ocorrem a cada 45 dias. A próxima está marcada para o dia 31 deste mês e já há expectativa sobre um novo recuo dos juros. Ainda pior é a situação da poupança, que apresentou alta de 0,37% ao longo de todos estes meses individualmente e acumula alta de 2,25% no período.
Alguns dos títulos do Tesouro, como os prefixados e pós-fixados indexados ao IPCA, também mostraram retornos expressivos do ponto de vista positivo. No entanto, recomendo cautela aos investidores em especular nestes ativos. O objetivo inicial é ter uma visão de longo prazo, levando grande parte deles até o vencimento, ao menos que haja oportunidades imperdíveis, o que tem sido mais frequente do que o normal nestes últimos 3 anos.
Não há a menor dúvida que os próximos meses também serão bem movimentados em notícias que impactam os mercados no curto prazo. Mas para um bom investidor, no longo prazo é que veremos a diferença no bolso de cada um por ter realizado as aplicações financeiras de forma correta e assertiva.