Desde que somos crianças escutamos o mesmo ditado de pessoas mais velhas aqui no Brasil: “o ano só começa depois do carnaval”. É bem verdade que em algumas ocasiões isso fica um tanto quanto tarde, dadas as datas da tradicional festa/feriado nacional. Em 2021 vejo que estamos em outro timing, visto que recém tivemos as eleições para as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado, e já houve uma votação relevante para a economia do país pensando de curto a longo prazo, que é a autonomia do Banco Central.
Outro assunto que se discute no momento também é o auxilio emergencial e reais impactos que isto poderia trazer aos mercados, já que para a economia em si é algo indiscutível por conta do momento de fragilidade motivado, em linhas gerais, pela pandemia.
E por falar no vírus que parece não dar trégua à população, enquanto a vacina não vem, os números seguem pouco animadores. Mesmo em meio a tudo isso, o mercado parece seguir no aguardo da agenda de votações de grandes reformas e privatizações, algo que dependerá dos recém-eleitos pautarem no Congresso Nacional. Neste caso, também será necessário ver a força com que o governo federal atuará para que estas ocorram, como as reformas administrativa e tributária, bastante desejadas.
Óbvio que ainda há uma série de outros anseios, como o próprio Palácio do Planalto pautou recentemente na imprensa, mas ao que tudo indica são estas as mais aguardadas pois impactam diretamente no cenário fiscal nacional, em especial já pensando a longo prazo, o que seria muito mais saudável as vistas do investidor.
Com a bolsa subindo 3,8% em fevereiro e praticamente zerada no ano, parece que não iremos deslanchar após o carnaval, mas sim apenas quando houver clareza da agenda de votações no Congresso. Mesmo que o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, tenha cerca de 30% do seu peso em commodities, ou seja, que deverá andar alheio a esta agenda e mais ligada ao cenário internacional, ainda há os outros 70%.
Veja que mesmo para o resultado em 2021 até aqui, os índices dos setores financeiro e imobiliário recuam mais de 5% no período, enquanto o de materiais básicos (commodities) avança 7%. Isso mostra quase que em grande parte o que temos vivido desde novembro passado.
No mercado de juros, o cenário se repete. Com a inflação atingindo picos já esperados dentro do primeiro semestre do ano, o Comitê de Política Monetária deixa claro que também aguarda esta agenda que citei acima para as próximas decisões. Mesmo com a grande expectativa que a taxa Selic suba ao longo dos próximos meses para 3,5% ou 4,0% ao ano, este número pode ser ainda maior se não ficar claro que o pacote fiscal será trabalhado com a devida responsabilidade. Sendo assim, ainda mantenho minha visão para um cenário nebuloso no curto prazo, mas que mesmo dessa forma tem apresentado oportunidades de bons investimentos.
Na bolsa, sigo acreditando, para o médio prazo, em empresas essencialmente exportadoras e do segmento de shopping center, dado o cenário devastador que estas atravessaram e em partes ainda atravessam. Em renda fixa, visando uma boa diversificação de portfólio, em ativos ligados à inflação ou prefixados com vencimentos mais curtos como três a cinco anos. Isso porque o pequeno investidor pode se proteger de eventual elevação do IPCA no curto prazo e ter rentabilidades interessantes nos prefixados que podem chegar próximos a dois dígitos de retorno no período enquanto o juros se mantêm baixo.
Enfim, me parece uma leitura complexa de curto prazo, mas certamente com consequências grandes para o país a longo prazo.
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