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A política monetária de um país é uma espécie de termômetro para o mercado antever riscos e oportunidades. É o que ajuda a balizar a economia na tentativa de controlar movimentos inflacionários fora do intervalo ideal, por exemplo. Afinal, aumentando a taxa básica de juros, espera-se que a inflação, impulsionada pela alta persistente de preços em alguns setores econômicos, arrefeça. Nesta terça-feira (10), o Banco Central divulgou a ata do Comitê de Política Monetária e, como esperado, o tom foi de cautela.
Segundo o Copom, uma inflação ao consumidor insistente, atrelada à surpresa de alta da inflação de serviços e a continuidade da pressão sobre bens industriais, serviram para que o BC decidisse pelo aumento de 1 ponto percentual da Selic, que chegou a 5,25% ao ano. Para o final de 2021, a perspectiva do Boletim Focus é de 7,25%, podendo ainda ultrapassar esse nível como esperam alguns economistas.
Para corroborar esse cenário de inflação pressionada, tivemos nesta terça-feira mais uma aceleração do IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo). O índice avançou 0,96% em julho; no acumulado de 12 meses, a alta chega a 9%. Outro ponto que está na mesa de discussão do Copom - e pode jogar contra o controle inflacionário - é o risco fiscal. De acordo com o BC, mesmo com a melhora recente nos indicadores de sustentabilidade da dívida pública, “o risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária”.
Do lado do investimento, toda essa discussão nos leva à importância da diversificação da carteira. Colocar dinheiro na renda fixa, com ativos atrelados à inflação, é um ótimo movimento. Não só nesse contexto de aumento de preços, mas em qualquer situação já que não dá para prever exatamente quando a inflação irá ceder.
Dentro desse conjunto estão os ativos de renda fixa como os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e de Agronegócios (CRA), os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) que são indexados ao IPCA e o próprio Tesouro IPCA que é indicado para quem quer ativos de longo prazo, pensando num colchão de segurança para a aposentadoria.
Portanto, vemos um esforço em direção a um comportamento mais tempestivo por parte do Comitê que já sinalizou, inclusive, mais um aumento de 1 ponto percentual da Selic para a próxima reunião (6,25%). O mercado tem visto com bons olhos a forma com que o BC tem conduzido a política monetária, sem grandes variações de humor, mantendo seu discurso. Assim, o objetivo é suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego, grande desafio não só para o Brasil, mas para a economia global pós-pandemia.