Nem só de tristezas é feito o momento pelo qual passamos na economia nacional. Nas últimas semanas temos visto um mercado de ações mais pujante e engatando novos recordes diante de fatos recentes no Brasil. Dados fiscais melhores do que o esperado e o crescimento do PIB acima das expectativas corroboram com a tese de que temos o que comemorar, mesmo que timidamente para alguns.
É evidente que nem tudo são flores, especialmente pelos indicadores de inflação e desemprego, mas não podemos destacar apenas aquilo que não está satisfatório. Todos esses dados também impactam diretamente no câmbio que na semana passada, pela primeira vez em 2021, passou a recuar para próximo dos R$ 5,00 frente ao dólar.
Diante disso, muitos questionam se a imprensa vem cobrindo mal esse repertório ou se não é dada a atenção devida aos aspectos positivos. Importante dizer, como citei acima, que temos notícias para comemorar e outras nem tanto, mas não podemos ressaltar apenas as ruins. Um exemplo claro disso é que, no curto prazo, a bolsa de valores reage ao fluxo de notícias macro global até micro Brasil, mas, no longo prazo, o que vale mesmo são os resultados corporativos trimestrais reportados pelas empresas.
E neste primeiro trimestre do ano, mesmo em meio a um cenário desafiador, várias empresas se mostraram resilientes e apresentaram números acima das expectativas de consenso, mesmo muito comprometidas pela pandemia da Covid-19 — inclusive aquelas do setor de varejo nacional como Vivara, Raia Drogasil, Localiza, Grupo Pão de Açúcar, Grupo Mateus, as administradoras de shoppings centers BR Malls e Iguatemi, entre muitas outras. Obviamente pela alta dos preços das commodities, em especial do minério de ferro, as ações desse setor também mostraram resultados bons resultados, nesse caso acima da média.
Outra grande preocupação é o cenário político atual e o cenário que ainda virá pela frente. A expectativa de que as decisões de reformas importantes ao país (a administrativa e a tributária) possam andar no Congresso nas próximas semanas é mais um fator que vem repercutindo positivamente no mercado brasileiro. No entanto, como ainda não sabemos exatamente quando avançarão e o que virá de ambas, temos que aguardar cenas dos próximos capítulos. Contudo, se vier algo que não comprometa o cenário econômico, poderemos ver ainda mais sinais positivos e a continuidade da entrada de fluxo de investidores estrangeiros na bolsa — que este ano já soma mais de R$ 35 bilhões até o último dia 2. Isso mostra que ainda há quem não pense nas eleições presidenciais em 2022. De fato, estamos longe desse período que, certamente, trará grandes turbulências ao mercado.
Por fim, pensando na agenda à frente, o mais importante será monitorar três pontos. A continuidade dos dados de inflação - medidos tanto pelo IPCA quanto pelo IGP-M (e se eles serão mesmo apenas transitórios), os movimentos do Comitê de Política Monetária (Copom) para estancar a alta inflacionária e o andamento das já citadas reformas. Claro que não podemos nos esquecer do processo de vacinação que ditará o ritmo de retomada de confiança no país e suas consequências. No exterior, será necessário acompanhar também o processo de enfrentamento à pandemia e os indicadores de inflação nos EUA (que vêm assustando) e eventuais altas da taxa de juros por lá, que, a princípio, não devem vir nos próximos meses.
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