Neste último final de semana foi divulgado estudo sobre a performance das bolsas pelo mundo. Realizado pelo fundador da Compound Capital Advisors, uma empresa de assessoria financeira nos EUA, o levantamento apresenta o retorno ano a ano desde 2011 do acumulado e do anualizado de ETFs (Exchange Traded Funds) de 20 países. Na amostra estão países desenvolvidos e emergentes, como Cingapura, Brasil, África do Sul, Coreia do Sul, Taiwan, China e Rússia. Para a surpresa de muitos, o retorno do ativo brasileiro foi o pior dentre todos. No entanto, antes de chegarmos a alguma conclusão, é importante explicar a diferença entre o ETF do Brasil negociado no exterior e o Ibovespa.
O principal índice da bolsa brasileira, mais conhecido como Ibovespa, é alterado a cada quatro meses e possui 82 ações que compõem cerca de 50% do seu peso (entre elas, grandes bancos e empresas ligadas ao setor de commodities, como petróleo e minério de ferro). Já o EWZ (que começou a ser negociado em meados dos anos 2000) é composto atualmente por 54 empresas; entre as principais estão Vale, Itaú e Petrobras. Assim, não há como dizer que há uma proxy exata entre os dois ativos.
No ano, a rentabilidade do EWZ recua 9,6%, enquanto o Ibovespa está estável. É necessário, ainda, colocar a variação do câmbio no período, que é de 10,4% em 2021 até aqui.
No estudo apresentado, outro ponto que chama a atenção é o número de anos de retorno negativo ao investidor do EWZ desde 2011. São seis anos com resultados negativos, empatando com dados da Espanha e do Reino Unido neste quesito. No acumulado em todo o período, o ativo brasileiro recua 44%, sendo o único no vermelho. O penúltimo colocado desde 2011 é o ETF da África do Sul, que ficou praticamente estável. Dentre aqueles com melhor performance estão EUA, com 300% de alta no período ou 14,5% ao ano, Holanda, com 182% e Taiwan, com 152%. Já no retorno anualizado, também somos o único país que está negativo, com 5,4% ao ano.
Outro dado interessante é que foram apenas três anos (2012, 2017 e 2019) que tivemos todos os ativos dos países fechando no azul. Em 2021, o Brasil também é o único que traz retorno negativo até aqui, claro, impactado pelo câmbio.
Se pegarmos apenas os países emergentes, Hong Kong e Coreia do Sul são os únicos, junto com Taiwan, que aparecem na lista dos dez primeiros colocados entre as melhores performances. A China, nos últimos 5 anos, teve performance negativa apenas em 2018, aliás, ano em que todos os 20 ativos dos países reportaram retorno negativo.
E o que tudo isso quer dizer para nós, pequenos investidores? Que para o investidor estrangeiro, o Brasil está muito defasado em relação aos demais países no período por causa da depreciação do real . No entanto, para quem gosta de olhar para o “copo meio cheio”, vale notar as tantas oportunidades que temos desde 2020 para investir em ativos do exterior aqui pela bolsa brasileira.
Alguns destes ETFs já são negociados por aqui, além dos mais de 700 BDRs (Brazilian Depositary Receipt). É a primeira vez que temos essa oportunidade de olhar para ativos de fora com a possibilidade de participar, em especial, num momento de discussão no Congresso Nacional sobre “furar” ou não o teto de gastos e, assim, comprometer ainda mais a moeda nacional, já tão desvalorizada nos últimos anos.
Enfim, cada um olha os dados como quer e como lhe convém. Eu sempre prefiro olhar para frente e com otimismo pensando naquilo que o cenário pode nos proporcionar.
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