Jair Messias Bolsonaro foi eleito presidente da República com 55% dos votos válidos e se tornou o 38.º presidente do Brasil. A partir de agora, e até iniciar seu mandato em janeiro de 2019, o novo líder terá muitos desafios pela frente. Apesar de toda euforia vista no mercado financeiro brasileiro nas últimas semanas, que colocou em segundo plano inclusive o cenário externo desafiador nesse período, ainda há dúvidas a serem respondidas.
De um lado, os mais otimistas acreditam que parte dessas dúvidas serão respondidas pelo próximo ministro que irá dirigir a economia, Paulo Guedes. Já os mais pessimistas vislumbram períodos mais complicados para o novo presidente, a começar pela sua governabilidade no Congresso Nacional.
O mandato de Bolsonaro já começa em meio a disputas para as presidências da Câmara e do Senado, ambas de suma importância para as ambições do presidente eleito. Apesar de seu partido ter conquistado a segunda maior bancada da Câmara – com 52 dos 513 Deputados – a mesma força não pôde ser vista no Senado. Embora já haja manifestações de que ao menos metade dos deputados estaria ao lado de Bolsonaro, incluindo as bancadas “BBB” (Bala, Bíblia e Boi), o recém-eleito deverá trabalhar fortemente para ter o Congresso ao seu lado na agenda reformista que tanto se espera.
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Como há muito já vem sendo discutido, a Reforma da Previdência é a prioridade número 1, 2 e 3 para o mercado. A preocupação decorre do fato de que o Governo já tem uma despesa excessiva com a previdência social e a perspectiva é que esse número piore ano a ano dada a expectativa de envelhecimento da população. Há quem acredite que o governo de Michel Temer poderia votá-la até o final do ano, deixando assim uma carga a menos para o novo presidente, mas não parece haver consenso nem mesmo entre os membros ligados ao novo governo. Enquanto o futuro ministro chefe da Casa Civil, Onix Lorenzoni, descartou essa possibilidade, Paulo Guedes discordou e se manifestou favorável à aprovação do texto do governo Temer.
Outras questões-chave relevantes para o país devem começar a ser divulgadas nos próximos dias e semanas, entre as quais destaco algumas, não necessariamente em ordem de importância:
Os discursos anteriores de integrantes da provável equipe de governo sinalizam concordância com a prioridade desses temas e se mostram favoráveis, o que nos faz prever que o mercado e o novo presidente deverão ter uma lua de mel que poderá beneficiar o mercado de ações.
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Para se ter uma ideia, ações de estatais como Banco do Brasil, Eletrobras e Petrobras já subiram mais de 30% apenas em outubro diante da expectativa pelo resultado do segundo turno. Outros segmentos que poderão se beneficiar desse novo modelo político, como construção civil, bancos e varejo, já estão vendo ações de empresas desses segmentos refletindo boas expectativas.
Dólar
A dúvida que se coloca neste momento é quanto tempo isso poderá durar. Obviamente, essa resposta irá depender das sinalizações quanto a estes temas citados. Dentro desse período de lua de mel, também poderemos ver o dólar seguir nessa faixa atual entre R$ 3,55 e R$ 3,75.
Essa variação da moeda também poderá ser influenciada pelo dia a dia do mercado externo, que manteve os investidores preocupados durante todo o mês de outubro diante da perspectiva de o crescimento global diminuir nos próximos anos.
Portanto, nos próximos dois meses – até a subida na rampa presidencial – será extremamente importante avaliar as sinalizações sobre estes temas e ter mais clareza sobre o que teremos pela frente, e qual será o viés do mercado de ações, de câmbio e de juros. Por enquanto só podemos afirmar que teremos uma lua de mel com tempo indeterminado, mas que poderá perdurar ou acabar conforme a capacidade de governabilidade de Bolsonaro.
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