Desde a semana passada, membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) vivem um impasse e não chegam a uma decisão final sobre os níveis de produção da commodity. Os protagonistas desse imbróglio são, principalmente, Arábia Saudita e Emirados Árabes, que não conseguiram chegar a um acordo sobre o aumento da produção e levaram o petróleo ao patamar mais alto desde outubro de 2018. Nesta terça (6), o preço do barril segue instável, rondando entre US$ 76 a US$ 78, depois de bater recordes históricos de preços. Apenas em 2021, a alta já ultrapassa os 50%.
Para o mercado de renda variável, o fato pode fazer com que as empresas do setor sigam registrando altas consecutivas, devido à forte demanda e a incerteza no reforço da produção. Já para quem acompanha a correlação entre os preços das ações das companhias do setor e o petróleo, observa que o mesmo movimento também ocorre em PetroRio e BR Distribuidora, por exemplo: a primeira avança 50% e a outra, 40%, em 2021. Já as ações da gigante estatal Petrobras não acompanharam essa tendência por causa dos ruídos políticos de curto prazo e as eventuais intervenções realizadas na empresa (o que tira credibilidade perante os investidores). No entanto, no longo prazo, o que o mercado cobra, de fato, são os resultados apresentados. Portanto, esses movimentos devem convergir em algum momento.
Outro fator que apimenta a discussão é o impacto dos preços dos combustíveis na inflação já elevada do país e, por consequência, nas preocupações com o bolso de cada um. Isso porque o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, revisou os preços dos combustíveis para cima pela primeira vez em sua gestão. Silva e Luna anunciou um reajuste de 6,3% para a gasolina e 3,7% para o diesel após pressão do mercado, que via com desconfiança a intervenção de Jair Bolsonaro na troca de comando da Petrobras.
Comparado aos níveis internacionais, contudo, o custo do petróleo no Brasil continua aquém do negociado lá fora. Para a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem média na comparação com o mercado internacional saiu de 12% para 7%, com relação à gasolina e de 7% para 3% no diesel.
Vale lembrar que esse componente tem peso relevante nos preços administrados, os serviços e produtos com reajustes definidos por contratos ou regulados pelo setor público, que compõe os principais indicadores inflacionários. Por fim, é válido pontuar que, para aqueles que se preocupam com a continuidade desse movimento, uma sugestão seria buscar certa proteção, estando alocado nas ações citadas acima dada a forte correlação mencionada.
Por se tratar de mercado de renda variável é obviamente impossível garantir retorno, mas poderia ser uma saída, analisando-se o histórico dessa conexão. Um fator de risco nesse caso são as administrações das empresas, que podem mudar seu planejamento e suas decisões a qualquer momento e, assim, fariam com que esse histórico se apague no curto prazo.
Por fim, 2022 é ano eleitoral e, certamente, teríamos aí um risco adicional.
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