Copom se reúne nestas terça e quarta-feira para discutir a taxa básica de juros.| Foto: Reprodução/Banco Central
Ouça este conteúdo

Nesta quarta-feira (16), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide mais uma vez o rumo da taxa de juros do Brasil, a Selic. Se tudo correr como o esperado, o colegiado deverá manter o patamar atual, de 2% ao ano. Ao que se discute no mercado em função do momento da economia devido à pandemia da Covid-19, há três grandes preocupações que poderão mudar esta perspectiva: o cenário fiscal, o crescimento da economia e a inflação (tema este que tem sido bastante abordado nas últimas semanas diante do forte aumento dos preços de alimentos, em especial do arroz).

CARREGANDO :)

Conforme reportado no Boletim Focus do Banco Central deste início de semana, o IPCA esperado para o final de 2020 subiu de 1,78% para 1,94%, enquanto o IGP-M saiu de 11,72% para elevados 15,03%, estando na nona semana consecutiva de expectativa em patamar acima da anterior. Entretanto, é importante salientar a diferença entre os indicadores. O primeiro tem por objetivo medir um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referente ao consumo pessoal das famílias. Já o segundo é formado por três índices: o de preços por atacado, tendo este 60% da composição; o índice de preços ao mercado (30%); e o índice nacional da construção civil (INCC) com 10% da composição.

Por essa razão, enxergamos uma oscilação maior no histórico do IGP-M ao IPCA, sendo este último mais estável e, por isso, balizador de grande parte dos investimentos em renda fixa, inclusive. Mas, voltando às preocupações, acredita-se em relação à inflação de alimentos, que ela possa ser passageira, assim como já vimos em tempos anteriores, causada pela demanda e oferta (seja local ou visando exportação - tendo em vista o fato de os produtores vislumbrarem maiores ganhos ao mandar o produto para fora do país, por causa da desvalorização do real frente ao dólar.

Publicidade

Se passarmos para o cenário fiscal, ao que tudo indica as preocupações referentes a este tema para o mercado parecem ter dado uma trégua. Mesmo que momentânea. No entanto, será necessário aguardar novos capítulos que poderão surgir com o passar do tempo. Lembrando que as preocupações são enormes quanto à menor arrecadação e maiores gastos no curto prazo, apesar da aprovação da reforma da previdência meses atrás. Este, de fato, é um assunto que deve pautar o noticiário nos próximos meses ou anos. Assunto, inclusive, que poderia ser crucial para a volta da elevação da Selic nos próximos meses se não tivermos a continuidade das reformas, como a administrativa e, em especial, a tributária.

Já a projeção para o crescimento do PIB em 2020 é preocupante, como se esperava, diante da pandemia global. Para este ano, o mercado, por meio do Boletim Focus, traz uma expectativa de recuo de 5,1%. É bem verdade que este número tem melhorado semana a semana, mas ainda é bastante significativo. Dessa forma, o governo parece querer agir em alguns setores, por meio de infraestrutura e exportações, diante de um câmbio favorável.

Por fim, é importante colocar que o cenário desenhado para o final de 2020 e início de 2021 é um pouco do que vivemos nestes últimos meses, com as incertezas ainda grandes diante da expectativa de uma vacina eficiente contra a Covid-19 e que tenha produção em escala global, somadas, ainda, às eleições para presidente dos EUA, eleições municipais no Brasil e possibilidade de mudanças nas presidências da Câmara e do Senado no próximo ano (que ditarão o ritmo da agenda de votações sobre temas relevantes para o país em 2021 e 2022). Até lá e em meio a indefinições e acreditando numa inflação controlada, o cenário vislumbrado é de manutenção da Selic em 2% ao ano.