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Roberto Indech

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O novo coronavírus pode decidir as eleições nos EUA?

O novo coronavírus entrou ainda mais na disputa eleitoral norte-americana com o diagnóstico positivo de Donald Trump para a Covid-19. (Foto: Olivier Douliery/AFP)

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À medida que o tempo passa e chegamos mais perto do dia 3 de novembro, data das eleições para presidente dos EUA, o mercado realiza novas investidas sobre quais as possibilidades de lado a lado e como se comportariam ações de determinados setores a depender do resultado, seja no mercado americano ou repercussões em outras bolsas, como a brasileira. A disputa entre o atual presidente Donald Trump e seu opositor Joe Biden começa a ganhar ares de nervosismo.

Após a realização do debate da semana passada (em que os candidatos passaram quase que todo o tempo se atacando ao invés de falar sobre propostas para os próximos quatro anos), o democrata parece ter ganho campo nas pesquisas, que apontam uma vitória de cerca de 55%. No entanto, vale lembrar que as eleições por lá são definidas por vitórias estaduais e não no computo geral percentual, como ocorre aqui. Nos EUA, cada Estado tem um número de delegados e a soma dos votos destes é que define o vencedor.

Neste momento, em que o presidente Trump contraiu Covid-19, logo após o debate, muito se especula sobre as perspectivas de curto prazo em relação a sua campanha, que poderia deixar de ser realizada nos próximos dias, abrindo ainda mais espaço para o candidato democrata. Algumas instituições financeiras já começam a analisar possibilidades de cenário com uma possível vitória de Biden. Isso porque o cenário com Trump já é conhecido, dada a sua filosofia de trabalho e perfil para a economia.

Sendo assim, acredita-se que uma possível vitória de Biden traria expectativas negativas quanto a um possível aumento de impostos e programas maiores de distribuição de renda. Por outro lado, ações que foram deixadas “de lado” pelo mercado nestes últimos meses poderiam voltar para o foco, dando a entender uma mudança de rota. Vale lembrar que há meses o mercado como um todo tem preferido e buscado por ações de empresas de crescimento, em especial aquelas ligadas ao setor de tecnologia, como as chamadas FAANG (Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google).

Interessante notar que, nesse jogo de estratégias, muitos especialistas já trabalham com a perspectiva de favorecimento de empresas ligadas à China em caso de derrota do republicano. Isto porque assistimos a uma guerra comercial entre os dois países, embate que possivelmente teria trégua nesse cenário. Entretanto, mesmo com uma vitória de Biden, ainda há votações importantes, como das casas legislativas. Se seguirmos novamente com a maioria de cada partido em uma delas, seria improvável vermos medidas mais drásticas, como o tal aumento de impostos, com a justificativa, em partes, de uma abertura de espaço para novos estímulos que impactariam o consumo.

Não falaria sobre esse assunto à toa, afinal o investidor brasileiro poderá participar deste mercado. Os famosos BDRs (Brazilian Depositary Receipts) deverão estar liberados já neste mês de outubro e isso torna a participação do pequeno investidor local mais palpável. Aliás, vejo uma transformação cultural enorme diante de tal mudança e dadas as perspectivas cada vez maiores da participação dos jovens no mercado de renda variável. E, em um mundo cada vez mais globalizado e próximo da tecnologia e das redes sociais, o menor distanciamento entre pessoas e empresas possibilita uma troca de mentalidade, que passa a ser mais de investidor do que apenas e simplesmente de consumidor.

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