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Nas últimas duas semanas o assunto que mais veio à tona na imprensa e nas rodas de conversa foi o das eleições, a presidencial, dos EUA, e agora as municipais, aqui pelo Brasil. Com o tema nos holofotes, o mercado se manteve forte em sua tendência de alta, com o Ibovespa subindo mais de 12% em novembro até aqui, puxado, em especial, pelas ações de grandes bancos, da Petrobras, shopping centers e aquelas ligadas ao turismo.
Após a vitória de Joe Biden nos Estados Unidos, mesmo que ainda não oficializada, já houve um certo otimismo pela não confirmação da chamada “onda azul”, em que Câmara, Senado e Casa Branca estariam em poder dos Democratas. Já no caso das eleições municipais brasileiras, não tivemos nada muito fora das perspectivas com os resultados anunciados - seja em relação aos eleitos em primeiro turno, seja quanto aos indicados para seguir na disputa no segundo turno, marcado para o final do mês.
Para quem apostava que o pleito poderia mudar alguma coisa no cenário e, portanto, vislumbrava novas possibilidade para alterar sua carteira de investimentos, pode verificar que não houve qualquer impacto. Dessa forma, fica claro que os números deste final de semana não devem ser tomados como indicativo definitivo do que acontecerá nas eleições presidenciais de 2022. São coisas completamente distintas.
O que esses resultados podem fazer é, no máximo, gerar algum tipo de reflexão visando as próximas eleições. No entanto, até lá, ainda teremos diversos acontecimentos e alianças que poderão alterar a rota do cenário diversas vezes.
Entre as duas eleições, cabe destacar as notícias vindas do universo científico. De um lado, a preocupação com os impactos que a segunda onda de contaminações na Europa e nos EUA têm produzido globalmente, bem como as preocupações com possíveis impactos no Brasil em próximas semanas ou meses, diante do aumento do número de internações, a exemplo do que ocorre na cidade de São Paulo.
Por outro lado, os anúncios de vacinas que estariam alcançando resultados promissores quanto ao tratamento da Covid-19. Depois da Pfizer, agora a farmacêutica Moderna revelou que os testes realizados apresentaram índice de eficácia acima de 90%. A notícia animou o mercado europeu e as bolsas fecharam no maior patamar dos últimos oito meses neste início de semana, já que as boas novas vindas dos laboratórios ajudaram a aumentar a confiança dos investidores em relação a um ritmo mais rápido de retomada econômica.
Diante desse cenário, enxergamos o que chamam de “rotação” na bolsa nacional, com ativos que estavam “largados” nos últimos meses devido à pandemia puxando todo o otimismo. Mesmo estando em um mercado de renda variável, não é comum vermos ações de grandes instituições, como Itaú e Bradesco, por exemplo, subindo mais de 20% em poucos dias. Assim como também é incomum termos 25% de alta nas ações da Ambev em duas semanas. Isso tudo mostra que ao investir em ativos negociados em bolsa de valores é importante ter paciência. Afinal, quantos investidores não trocaram suas posições pois preferiram o imediatismo?
Passadas as eleições municipais, os olhares se voltam para Brasília. Até o final do ano ainda poderemos ter uma agenda de reformas relevante no Congresso. É muito importante que estejamos atentos a todos esses acontecimentos para tomar qualquer decisão que possa afetar nosso bolso. Costumo dizer que não podemos ter apego por ações ou qualquer outro investimento. Nestes momentos, ser o mais racional possível trará as melhores decisões, seja pensando no curto ou no longo prazo.