Encerrado mais um mês e com ele ficam os históricos de rentabilidade das carteiras de investimento. Por exemplo, o Ibovespa, principal índice da bolsa nacional, recuou 4,4% em fevereiro e no ano já apresenta queda de 7,6%. Já o dólar, em sentido contrário, subiu 2,6% no mês e acumula alta de 7,9% no ano. Já aqueles ativos que possuem perfil mais conservador ou são utilizados para diversificar seus investimentos, viram o CDI, referência da taxa de juros, a Selic, apresentar retorno de 0,17%, enquanto a poupança rendeu 0,12%. Um ponto de atenção aqui é que este CDI tem como base ter o retorno de 100% sobre a taxa atual, de 1,9% no ano neste momento.
E basicamente por quais razões tivemos retorno negativo na bolsa no período? No cenário externo, acredita-se em elevação da inflação nos EUA, o que poderia iniciar um processo na alta da taxa de juros, já desmentido por membros do alto escalão do Banco Central de que poderá ocorrer no curto prazo. Já no Brasil, com a demissão de Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras, pelo presidente Jair Bolsonaro, muitos acreditam que o governo possa ser mais intervencionista daqui para frente.
É importante considerar estas informações e ter estes conhecimentos básicos e para conseguirmos traçar uma perspectiva de economia e política para montar uma carteira cada vez mais ativa e equilibrada, de acordo com o que o momento pede. Neste caso, vale ressaltar a importância dos BDRs (recibos de empresas estrangeiras negociadas no Brasil), que cresceram cada vez mais por aqui. Para se ter ideia em termos de volume negociado destes ativos, algo que investidores desconfiavam em outubro passado, data da liberação da negociação para pequenos investidores, já há 50 empresas que transacionam números diários acima de R$ 1 milhão. Ou seja, para um mercado antes considerado pequeno e com possibilidades de baixo crescimento, visualizamos que tem caído cada vez mais no gosto do investidor brasileiro. Em termos de rentabilidade, o índice de BDRs subiu 0,5% no mês e apresenta forte alta de 10,3% em 2021. Empresas globalmente conhecidas como Twitter, que subiu 62%, ou American Airlines, que avançou 26%, ou até mesmo Booking, que subiu 24%, todas estas apenas em fevereiro, estão à disposição de qualquer investidor.
No lado dos ETFs, fundos negociados em bolsa, também temos visto uma crescente procura por ativos ligados a mercados ou ações internacionais. Alguns como o IVVB11, que é um fundo de índice constituído no Brasil que busca retornos de investimentos que correspondam, de forma geral, à performance do Índice S&P 500 norte americano em reais ou XINA11, que possui exposição ao fundo alvo iShares MSCI China ETF, ou seja, a maior parcela do universo que se possa investir em renda variável da China passa a entrar cada vez mais no radar do brasileiro. Há outros recém lançados e que acompanham o mercado europeu ou até mesmo global e que também podem a qualquer momento deslanchar.
Dessa forma, fica claro que é extremamente estratégico internacionalizar sua carteira, independe de valores, dada a participação de pequenos investidores, custos e operacionalização, todos estes muito acessíveis no mercado nacional por conta da transformação do setor. Além disso, a instabilidade política e econômica que estamos cada vez mais acostumados a vivenciar, se levarmos em conta o Brasil nos últimos 20 anos, acredito veementemente na importância da diversificação e que ativos globalizados também devam fazer parte dos investimentos de pessoas com perfis moderado e agressivo e que visam o médio e o longo prazos pelas oscilações possíveis no mercado de renda variável no curto prazo.
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