Alguns dizem que, com a taxa de juros - a Selic - em 5% ao ano, a renda fixa acabou. Outros enxergam que o mercado de renda variável está caro, com o Ibovespa na faixa dos 108 mil pontos. Eu particularmente, não acho nem um e nem outro. O que é necessário entender é que há oportunidades em ambos e em diversos momentos. Mais um aspecto a ser levado em consideração é o objetivo de cada investidor e o prazo de investimento.
No início de 2016, no auge da recessão econômica que assolou o Brasil, havia títulos do Tesouro Prefixado que estavam, naquele momento, apresentando rentabilidade anual ao investidor acima de 16% ao ano. À época, me recordo que falávamos que quem entrasse naqueles títulos poderia dobrar seu capital em cerca de seis anos e com baixo risco, dado que os títulos do Tesouro Nacional estão entre os ativos menos arriscados do país.
Outras oportunidades surgiram no mesmo ativo, como no chamado “Joesley Day” – chamado assim pelo mercado em referência às denúncias de corrupção denunciadas pelo empresário Joesley Batista, da JBS, ao governo Temer. Naquele momento, em maio de 2017, a rentabilidade dos prefixados apresentava números próximos a 10% ao ano, mas com o fato, as taxas saltaram para mais de 11,5% ao ano. Para os mais leigos parece ser um número pequeno, mas para os que acompanham o mercado, é uma elevação considerável tendo em vista o prazo curtíssimo em que isso ocorreu.
Em momentos como estes e no mais recente período pré-eleitoral, temos visto boas oportunidades, tanto no mercado de Renda fixa, quanto na variável. As taxas dos títulos pré, que estavam em cerca de 8% ao ano, passaram momentaneamente a 10% ao ano, puxadas pelas pesquisas que eram reportadas quase que diariamente e mostravam a possibilidade de o então candidato do Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad, alcançar Jair Bolsonaro na corrida presidencial. Para se ter ideia, atualmente este mesmo ativo, com vencimento em 2022, apresenta retorno ao investidor de 5% ao ano, bem próximo a taxa Selic. Esse é o parâmetro atual, o que não quer dizer que esteja ruim.
Já quem investiu em CDBs com diferentes taxas teve uma performance distinta - considerando o mesmo segmento, só que com resultados de longo prazo. Cabe aqui ressaltar que o brasileiro em geral realiza aplicações financeiras nos tradicionais CDBs sem conhecer a taxa. Como exemplo, os que aportaram R$10 mil em um CDB que pagou 80%, 90% ou 100% do CDI no período, tiveram como resultados quase 22% de diferença no patrimônio final investido. Do final de 2008 ao final de 2018, ou seja, dez anos, quem realizou aportes em CDBs que pagavam 80% do CDI retiraram ao final do período R$22.814. Já quem esteve atrelado a uma taxa de 100% do CDI resgatou R$27.764.
Gostaria de mostrar mais um destaque relacionado a este mesmo período de dez anos. Para os que aplicaram recursos na poupança, o retorno, após R$10 mil, foi de R$19.411. Já os que colocaram o mesmo valor em um CDB de banco médio alcançaram um resultado de R$28.918, ou seja, um diferencial de 49% no mesmo período. Portanto, não cabe aqui julgar se a renda fixa é boa ou ruim.
Vejo que ainda é boa e que sempre deverá fazer parte de qualquer carteira de investimentos, mesmo com a taxa de juros estando no menor patamar da história. Eu, como analista, sugiro aplicações em renda fixa para reserva de emergência ou diversificação de patrimônio.
Além disso, esta mesma reserva pode ser utilizada para “pescar” as boas oportunidades que surgem no decorrer do tempo, provocadas seja por fatos políticos internos e externos ou até mesmo por crises que possam surgir na economia em geral.
Partindo para o mercado de renda variável, enxergo o timing de entrada como uma das partes fundamentais para o sucesso na sua carteira de investimentos. Para os que visam o curto prazo (o que chamo de operações diárias ou que variam até um mês), há oportunidades quase que todos os dias, apresentadas pelos analistas chamados grafistas.
Já para o longo prazo (o que considero acima de um ano), vejo que é necessária disciplina nas aplicações. Como explicar isso? Basicamente o ramo de ações é utilizado para o longo prazo, mas nunca sabemos onde será nem o topo e nem o fundo do mercado e, portanto, é necessário saber participar do mercado quando se acredita que há uma boa oportunidade nele - ou seja, comprar aos poucos, estar sempre atento ao que pode aparecer, aproveitando assim o timing, seja de uma ação específica ou do segmento como um todo.
O que quero chamar a atenção com isso? Que as oportunidades estão aí, cabe a cada um saber enxergar. Se não é do ramo ou desconhece fatos como esse, vale acompanhar discussões de analistas de investimentos, discussões nas mídias sociais, que irão gerar um diferencial de curto, médio e longo prazos no seu bolso.