As pesquisas eleitorais continuam reforçando incertezas, mas, mesmo que a volatilidade persista ao longo das próximas semanas, o mais provável é que os mercados se acomodem até que o futuro governante sinalize o rumo em relação às questões mais urgentes da economia. Independentemente do resultado de uma disputa entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) em segundo turno, como preveem as apurações junto ao eleitorado, o vencedor tende a assumir inicialmente um tom mais ao centro ao tomar posse na Presidência da República, com abertura maior para fazer a reforma da Previdência, por exemplo, ou na formação de uma equipe mais propensa ao diálogo com o mercado, o que ameniza o nervosismo dos investidores.
Mesmo que a Bolsa sofra um grande impacto inicial após a contagem dos votos, em reação à escolha de um ou outro candidato, não há motivo parar criar um clima de caos no mercado financeiro logo após a decisão nas urnas, pois o momento será de espera até que o eleito anuncie suas primeiras medidas. Embora o mercado de renda variável sempre mostre reações mais expressivas, essa é uma característica que está dentro das expectativas.
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No câmbio também não há previsão de uma grande disparada do dólar, pois a cotação já embutiu bastante o risco gerado pela incerteza. Mesmo na hipótese de um novo salto, o investidor que acredite nessa possibilidade pode se proteger optando por ativos indexados ao IPCA. Já aqueles com perfil mais agressivo têm como alternativa as ações de empresas exportadoras que se favoreçam com o dólar mais apreciado ou até os fundos cambiais.
Além disso, ainda há muitas oportunidades aos investidores, tanto no curto como no longo prazo. Por exemplo, uma ação de uma empresa com bons fundamentos do setor de varejo, por exemplo, poderia sofrer uma baixa momentânea, em função do estresse inicial do mercado, mas com potencial de recuperação quando o cenário econômico for menos instável.
Isso sem falar do que já recomendamos no artigo da semana passada. O mercado de renda fixa guarda bom equilíbrio entre segurança e rentabilidade neste momento. Tudo aponta para uma taxa básica de juros, a Selic, a 8% ao ano em 2019 para qualquer que seja o novo dirigente no Palácio do Planalto, garantindo bom retorno aos investidores em ativos prefixados, sobretudo em papéis com vencimentos de médio prazo (cerca de 2 anos) em função das taxas oferecidas atualmente.
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Lógico que haverá reflexos. Se, por exemplo, um candidato com viés populista vencer o pleito, é possível que o Ibovespa sofra uma queda, que estimo ser de aproximadamente 15% e retroceda a um patamar próximo dos 65 mil pontos, devido às incertezas com relação ao ajuste fiscal, abertura dentro do Congresso para avançar com reformas necessárias e a adoção de políticas mais intervencionistas – como as adotadas no último governo petista. Nesse período, também não enxergo ser um bom momento para investir em ações de estatais, pelo menos até que o comando dessas empresas seja definido pelo próximo governo. Claro que há potencial nestas mas as incertezas acabam se sobressaindo no cenário atual.
Óbvio que o resultado das urnas deste próximo domingo é importante, pois poderá dar a largada a um segundo turno, com novas estratégias de campanha e com mais clareza nas posturas e planos econômicos do novo governo, inclusive sobre a ocupação de cargos relevantes, sobretudo nos ministérios e empresas estatais. Tudo isso já deverá trazer reflexos para os ativos.
Porém, a grande dica para os investidores é que, indiferente do que vier a acontecer, mantenham a calma, busquem diversificar sua carteira de investimentos sem perder de vista as indicações de oportunidades por profissionais experientes de mercado.
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